Novo ano, novos hábitos – assim pretende que seja a Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), que está a promover desde o passado dia 1 «uma ação nacional de consciencialização para a doença hepática alcoólica, uma consequência que advém do elevado consumo de álcool». Janeiro sem Álcool, assim se chama a iniciativa, que será divulgada ao longo deste mês nas redes sociais da associação, «com o objetivo de alertar a população para os danos relacionados com o álcool», explica a APEF em comunicado. Tendo em conta os «excessos das festividades», esta é a altura ideal para começar com os «novos hábitos». Esta iniciativa «ocorre em simultâneo em vários países, desde 2013» e em Portugal «é a segunda vez que a campanha é promovida».
Citado na nota de imprensa, o presidente da APEF, José Presa, salienta que «o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens, sobretudo relacionado com a vida noturna e social, é preocupante e, por isso, deveria motivar uma intervenção por parte das autoridades reguladoras». O responsável diz ainda que «é primordial que a população adulta pense também nos seus comportamentos a nível social e nas consequências que os mesmos trazem para a sua saúde; e que alertem os jovens para os riscos do consumo de bebidas alcoólicas». O fígado é um dos órgãos mais afetados pelo consumo excessivo de álcool com patologias como «o fígado gordo, hepatite alcoólica e cirrose hepática». Há também «consequências indiretas» preocupantes «como as resultantes dos acidentes de viação». «Estas situações, quando não tratadas ou prevenidas, lesam gravemente a saúde e podem, até, levar à morte. É possível viver sem álcool, não invalidando que as pessoas se possam divertir, relaxar ou socializar», sublinha a APEF.
Segundo dados «do relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, de 2020, o consumo de álcool é mais elevado por parte dos homens, com 19,5 litros de puro álcool per capita e por ano, do que nas mulheres, que consomem 5,6 litros». Outros dos números que resultaram do estudo indicam que, «em 2020, foram registados 36 799 internamentos hospitalares, com diagnóstico principal e/ou secundário atribuíveis ao consumo de álcool, envolvendo 27 238 indivíduos em Portugal». Em 2019, «morreram 2 507 pessoas por doenças atribuíveis ao álcool, 27% das quais por doenças atribuíveis a doença alcoólica do fígado».