As crianças refugiadas ucranianas que vieram para o concelho de Porto de Mós estão «todas inscritas na escola» e a «adaptar-se extremamente bem» e os adultos estão «quase todos, se não todos, empregados». A informação foi dada por Andriana Lima, a interlocutora da comunidade ucraniana em Porto de Mós e que fez parte da estrutura de missão para apoio a estes cidadãos, na última Assembleia Municipal. Andriana Lima considera que a «missão foi extremamente bem sucedida», apesar de ter sido «um processo difícil da parte emocional para todos». «Numa fase inicial, foi mais difícil a adaptação, estamos a falar de culturas diferentes, de hábitos diferentes, mas que se adaptaram», revelou.
Atualmente, «cada família está numa casa, já não vivem todos na Quinta da Mirinha», mas quando, inicialmente, as cerca de duas dezenas de pessoas foram instaladas naquele local, «num tempo recorde», tratou-se da parte médica com «exames à tuberculose a todos», assim como se verificaram e administraram todas as vacinas necessárias a adultos e crianças. «Mais tarde, demos um bocadinho de espaço para que se habituassem [à nova vida)», explica Andriana Lima.
Frisando que «ninguém estava à espera que o povo português fosse tão solidário e acolhedor», a interlocutora considera que «a parte mais difícil foi os próprios refugiados aceitarem que isto não seria uma coisa de um tempo curto»: «A maioria vinha com a expectativa de que isto acabaria dentro de uma semana ou duas. Hoje em dia já pensam “ficamos cá um ano, dois ou três”», diz. Andriana Lima revela ainda que houve «famílias que desistiram, quiseram voltar e voltaram», que há famílias que «dizem que gostavam de voltar para casa mas que já não existe casa», mas, por outro lado, há também «famílias que gostariam imenso de ficar cá, de fazer uma vida cá». Andriana Lima fez ainda questão de «mencionar os funcionários da Câmara que foram extremamente importantes nesta missão», tendo a responsabilidade de acompanhar, em todos os momentos, cada uma das famílias.
As três bancadas (PSD, PS e Chega) assinaram um voto de solidariedade, que foi aprovado por unanimidade e que afirma que «os membros da Assembleia Municipal de Porto de Mós condenam veemente qualquer forma de agressão» e, por isso, «repudiam a guerra instalada pela Rússia contra a Ucrânia». Solicitando o envio do documento «à embaixada ucraniana em Portugal, ao primeiro-ministro e à comunicação social», os deputados apelaram ao Governo que tudo fizesse para ajudar a resolver diplomaticamente o conflito, assim como para apoiar as suas vítimas.