“Processo de desagregação criou clima de crispação entre Arrimal e Mendiga”

10 Janeiro 2023
Texto

Isidro Bento

Afinal, a desagregação da União de Freguesias de Arrimal e Mendiga acabou por chegar à Assembleia Municipal de Porto de Mós como era ambição do grupo de moradores de Arrimal, que pretendia a separação das freguesias. No entanto, foi num contexto bem diferente do desejado por estes.

Os fregueses de Arrimal contavam que essa fosse a segunda fase do processo de desagregação mas os eleitos locais trocaram as voltas ao “movimento” popular e chumbaram a sua ambição logo na primeira etapa, na Assembleia de Freguesia. Foi, então, já com o facto consumado – Arrimal e Mendiga não se vão separar em termos autárquicos –, que o assunto chegou à Assembleia Municipal pela mão da deputada municipal não inscrita, Sandra de Sousa.

A antiga deputada do Chega aproveitou o período Antes da Ordem do Dia para informar «aqueles que possam não saber» que «existiu uma proposta que partiu de um grupo de cidadãos de Arrimal que, pela iniciativa, tentaram desanexar as freguesias de Arrimal e Mendiga nos termos da Lei 39 de 2021, de 24 de julho» mas que, «à semelhança do que aconteceu noutras freguesias deste concelho, a proposta não foi aprovada em Assembleia de Freguesia».

Imprecisões à parte – a única Assembleia de Freguesia que foi chamada a pronunciar-se sobre a continuidade ou não de uma união das várias uniões de freguesias existentes no concelho foi a de Arrimal e Mendiga –, Sandra de Sousa disse a propósito que as pessoas que lançaram o processo para a eventual desagregação «estão no direito de gostar da sua identidade e independência, mas contra factos não existem argumentos e no artigo 7 dessa mesma lei, o número de eleitores da freguesia que se pretende desanexar não pode ser inferior a 750, o que claramente não cumpria os requisitos para a sua aprovação». «Posto isto, criou-se, a meu ver, um lamentável clima de crispação em torno da população desta União de Freguesias o que, ressalvo, a meu ver, foi lamentável. Poderíamos começar por falar num possível referendo onde pudessem ser ouvidos todos, Mendiga e Arrimal e todos os lugares da União, o que não aconteceu», frisou. «A minha tese é e sempre será que a união faz a força. Unidos devemos lutar pela obtenção de médico para a União de Freguesias e por mais e melhores condições, o que será sempre a prioridade da população», concluiu.

O presidente da Câmara, Jorge Vala, respondeu: «Depois de tudo aquilo que vivemos durante estes quatro anos com a União de Freguesias de Arrimal e Mendiga e depois do reviver deste processo de separação, o que digo, com conhecimento de causa, é que as pessoas são inteligentes e sabem perceber aquilo que é melhor para elas e tenho a certeza que esta pseudo-guerra, que aconteceu durante este mês ou mês e meio, vai ser esquecida com facilidade e com mais facilidade com que nós pensamos e vamos ter com certeza o Arrimal e a Mendiga juntos».

De acordo com o autarca, «está, inclusive, mapeado para o próximo quadro comunitário uma extensão de saúde única», portanto, acrescentou bem disposto, «se eventualmente as freguesias se separassem iríamos ter uma extensão de saúde para as duas novas freguesias, mas não me parece que seja esse o problema». Jorge Vala lembrou ainda que o presidente da Junta é o presidente da União das Freguesias de Arrimal e Mendiga e que o presidente da Câmara também vai continuar a olhar para ambas neste contexto, ou seja, como um único território.

Foto | Isidro Bento

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