“A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”: Porto de Mós “chamado à receção”

26 Janeiro 2023

Bruno Fidalgo Sousa

O projeto A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (MPAGDP) dirigiu, no início deste ano, um apelo às instituições, associações e autarquias da região de Leiria, para gravar «depoimentos de pessoas da memória coletiva» portuguesa e, assim, documentar a transição entre a tradição oral e a tradição digital em Porto de Mós, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourém, Pombal, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Alvaiázere e Ansião. Segundo o diretor artístico do projeto, Tiago Pereira, «há uma mancha branca» na região: desde 2011, foram captados somente 114 vídeos de um total de 6 522 a nível nacional.

O objetivo é estabelecer «protocolos incisivos» com entidades autárquicas e associações locais, de forma a «cobrir a região o mais possível», o que tem sido negligenciado até agora. Como exemplo, Tiago Pereira usou o protocolo firmado em 2020 com o Rancho do Arrimal: «Gravámos mais de 50 vídeos, porque tivemos um protocolo e, por isso, é que o distrito de Leiria é dos que tem menos, porque nunca conseguimos encetar nenhum protocolo com nenhum Município», explicou o diretor artístico. Os restantes vídeos na região surgiram, portanto, de «pequenas colaborações que acontecem»: já foram captados, pela câmara de Tiago Pereira, António Cova, a banda A Caruma e os Catraia, o rancho arrimalano e o grupo de gaiteiros pombalenses Os Canários, mas também diversos pormenores da cultura local – «canções, rezas, responsos, benzeduras, ofícios, saber fazer, danças, músicas, estórias de vida», refere o site oficial da iniciativa. E esta antiguidade que Tiago Pereira quer registar é também um outro motivo para procurar fazê-lo neste concelho: «É sempre uma corrida contra o tempo. Cada vez é mais difícil encontrar pessoas que nasceram nessa altura [década de 1920, quando nasceram os protagonistas mais idosos dos vídeos de Tiago Pereira], ou já morreram ou vão morrer rapidamente, portanto temos que ir a esses territórios [em Leiria], que são os que nós sabemos que têm ainda um grande manancial de pessoas [seniores]», adianta.

Para já, Tiago Pereira admite ter sido «contactado por muitas pessoas, por várias entidades, umas associações culturais que querem ajudar, quer em Ourém, quer na Batalha, e também já» iniciou algumas negociações com alguns Municípios, adianta. Regra geral, explica, «são associações ou grupos de pessoas que reconhecem o trabalho da MPAGDP e que, no fundo, querem potenciar o seu trabalho juntamente com o deles, ou com coisas que eles já têm feito». Em Porto de Mós, refere somente «o contacto de Marisa Barroso», do coletivo AIRE, que está a preparar «um trabalho sobre as danças dos ranchos folclóricos», intitulado Danças de Porto de Mós.

Os interessados em colaborar com a iniciativa podem contactar a MPAGDP através do e-mail amusicaportuguesa@gmail.com.

Revisão | Catarina Correia Martins

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas:
Portugal 19€, Europa 34€ e Resto do Mundo 39€

Primeira Página
Capa da edição mais recente d’O Portomosense. Clique na imagem para ampliar ou aqui para efetuar assinatura