Um pacto de regime em 2025?

30 Janeiro 2025

Na edição de hoje, recuperamos um tema que foi notícia há 16 anos. Este facto, apresentado desta forma, poderá soar estranho e, realmente, dito assim, é. No entanto, se recordarmos que se trata de um plano, à época, inédito mas muito reclamado por gente de todos os quadrantes políticos, o cenário, possivelmente, melhora um pouco. E a cereja no topo do bolo em termos de argumentação passa por lembrar que o mesmo foi idealizado pelo antigo vereador da Cultura e do Urbanismo da Câmara Municipal de Porto de Mós, João Neto para um horizonte temporal específico: 2009-2025. Ou seja, estamos, em termos de calendário, no ano em que deveria estar a dar os “últimos” frutos caso alguém ao nível do poder autárquico o tivesse adotado total ou parcialmente como instrumento de trabalho. 

Em suma, no nosso entendimento, interessava recordá-lo e fazer um ensaio muito sumário de avaliação daquilo que poderá ter influenciado e/ou impulsionado. Mais uma vez, o tempo e o espaço ditaram as regras, ou seja, não sobrou grande coisa de um e de outro, mas, fazemos votos para que fique o essencial: que o plano volte a sair das páginas deste jornal e que muitos portomosenses no sossego do seu lar ou enquanto elementos de alguma estrutura coletiva (autarquia, associação…) o voltem a discutir. Será interessante, ver, afinal, o que foi feito e se se conseguiu algum ganho com isso e cada um terá a sua própria opinião.

Falamos, naturalmente, do plano estratégico Porto de Mós, Desafios 2009-2025, um documento com  as características e o detalhe a que não estávamos habituados em 2009 e que hoje, passados 16 anos, também ainda não estamos muito, pelo menos, tendo apenas a assinatura de um cidadão comum (embora com o contributo confesso de outros) e não de uma empresa da especialidade ou de uma universidade.

Há 16 anos, o aparecimento do plano mereceu o aplauso de vários autarcas e de pessoas que no espaço público opinavam sobre o concelho, no entanto, logo ali, o principal objetivo de João Neto não foi atingido. Ouviram-se os aplausos mas a discussão foi escassa e fraca. Para algo que todos defendiam que devia existir mas nunca ninguém tinha feito com este pormenor (pelo menos com apresentação perante o público) é estranho que tivesse mobilizado tão pouco debate mas, no fundo, se calhar, foram os portomosenses no seu melhor: reclamamos muito por algo mas quando o temos, acabamos por não lhe dar a devida importância.

Com isto não estou a dizer que o rol de propostas e até algumas análises feitas por João Neto fossem perfeitas ou, sequer, corretas. Claro que entre muita coisa boa, estava outra(s) que não o era(m) assim tanto, mas, pelo menos, teve o mérito de pensar no assunto, estudar, reunir dados e apresentar propostas. Para uma terra que dizia não ter nada a esse nível e que se queixava disso mesmo, não me parece que fosse uma oferta nada de deitar fora.

Passados estes anos, fica claro que muitas das propostas não caíram em saco roto e eram exequíveis mesmo que devidamente adaptadas à realidade do nosso tempo. Uma das ideias subjacentes às ideias avançadas era de que Porto de Mós precisava de uma marca, uma identidade e nos últimos anos demos passos de gigante a esse nível. Pessoalmente, defendo que ainda não estamos a 100% “no mapa” mas o salto foi enorme mesmo que alguns o reconheçam com mais dificuldade.

Em ano de autárquicas, bom, bom, para o nosso concelho seria haver como que um pacto de regime. Com base neste ou noutro qualquer plano estratégico, que os principais partidos se entendessem sobre o essencial do que deve ser o caminho de futuro da nossa terra. Consegui-lo é que é missão quase impossível mas interessa não perder a fé…