“Santos da casa não fazem milagres”. E se aplicarmos isso ao turismo, o ditado continua a fazer sentido? Eu diria que sim. Nesta edição falamos de turismo e, podemos afirmar: Porto de Mós está em crescendo a esse nível, segundo os dados divulgados pelo Município. No entanto, não é sobre os números que quero falar, mas sim, sobre quem são as pessoas que nos visitam. E quanto a isso – cada vez mais se nota – não são “santos da casa”. Foi precisamente esse o testemunho que nos deu Angélica Gameiro que, desde a segunda vaga de Covid-19, tem no concelho (mais precisamente na Marinha da Mendiga) um alojamento local. E, pasmem-se alguns (acredito eu), os hóspedes vêm dos Estados Unidos da América, de Singapura, da China, do Canadá, da Alemanha, etc… mas poucos, muitos menos, de Portugal ou da região.
E o que procuram estes turistas? A calma, o contacto com a natureza, as paisagens com largueza, o silêncio, os animais à porta, o tempo que parece esticar, a proximidade com os lugares e com as pessoas, gastronomia “de conforto”, produtos locais, as serras e os seus trilhos. São muitas vezes amantes de caminhadas, de desporto de natureza ou vivem em cidades das quais se querem afastar. E muitos voltam.
Há pouco tempo conversava com uns amigos precisamente sobre, por vezes, precisarmos de ouvir quem é de fora a falar sobre a nossa terra para nós próprios a valorizarmos mais. Fazer “turismo” dentro de portas é, aparentemente, estranho, mas proponho-vos responder a uma questão: quantos lugares, histórias, pessoas, restaurantes, caminhos e paisagens têm por descobrir no vosso, nosso, concelho? Eu faço mea culpa, tenho a certeza de que tenho muito por descobrir, mesmo tendo uma profissão que já me “levou” inúmeras vezes à descoberta. E se, como amante de viagens, sei o quão importante e enriquecedor é sairmos além-fronteiras, também sei que é, definitivamente, muito bom encantarmo-nos pelo sítio onde moramos, a nossa casa, e o lugar de todos os dias.