Assinala-se a 10 de junho o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades de Língua Portuguesa. É um dia marcado pela “Portugalidade” enquanto essência de se ser português, dedicado à celebração do que é de Portugal, da História à Cultura, passando pela identidade e pela pertença, sem esquecer as conquistas da “Nação”. Feriado nacional desde 1919, esta data presta homenagem ao grande poeta Luís Vaz de Camões, que faleceu no dia 10 de junho de 1580 e escreveu a maior obra épica de Portugal: Os Lusíadas. Durante o regime ditatorial do Estado Novo de 1933 até à Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974, o dia 10 de junho era celebrado como o “Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses”, tendo depois a celebração do dia passado a prestar homenagem ao que é tipicamente português, e a representar a valorização da cultura portuguesa, tanto cá dentro quanto lá fora.
É também uma oportunidade para as comunidades portuguesas no exterior se reencontrarem com as suas raízes, e para todos os portugueses celebrarem a sua contribuição para o mundo. As últimas estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que em 2024 eram cerca de 1,8 milhões os portugueses a residirem no estrangeiro, representando 0,6% no total da emigração mundial. Números aparte, no dia 10 de junho lembro-me sempre dos amigos que tenho emigrados, e também recordo a minha própria experiência, de pseudoemigração. Em maio de 2013 vivia uma situação delicada quando rumei à Irlanda, onde tinha e tenho amigos emigrados, na tentativa de encontrar trabalho e dar a volta à situação. Foi uma decisão difícil de tomar e, ainda nem tinha saído do aeroporto de Lisboa, já me sentia nostálgica.
Na mala que foi no porão do avião levei alguma roupa, a embrulhar um carregamento de chouriças e bacalhau. Também levei um loureiro, para plantar, que acabou por morrer dias depois, por não se ter adaptado à terra e ao clima. No aeroporto de Cork, tinha amigos à minha espera, e também fiquei alojada em casa de amigos. Enquanto procurava trabalho, ia-me tentando habituar ao clima, às paisagens, aos aromas, à comida e aos hábitos, muito diferentes dos nossos. Não fiquei muito tempo lá fora, mas durante o tempo que lá estive foi muito importante ter aquela rede de apoio, constituída por portugueses que lá estavam a viver há anos. Senti falta de “coisas” que antes faziam parte do meu dia-a-dia. Cheguei a sonhar com alheiras e morcelas. Quando voltei para Portugal passei a dar valor a uma infinidade de “coisas” que antes me passavam despercebidas. Vem daí a minha admiração pelos portugueses espalhados pelo mundo, principalmente pela coragem e pela capacidade de adaptação