O Portomosense colaborou em mais um processo de eleição do Jovem Autarca. À semelhança do que aconteceu no ano passado, o nosso jornal foi convidado a moderar o debate entre os candidatos. Nesse momento, coube-me a oportunidade de ouvir as ideias dos 29 ilustres que, do alto da sua adolescência, arriscaram ter um papel ativo no seu concelho, contribuindo para o bem comum dos seus pares.
Porém, perante as mais de 80 ideias que ouvi – ainda que algumas delas com um fundo semelhante – apraz-me fazer uma crítica à forma como todo o processo é conduzido. Por muito que ache bem que se abram os horizontes a estes jovens, que se lhe não limite a vontade e o desejo de fazer mais e melhor, também acho importante que alguém que se candidate a cargos destes seja instruído para perceber o valor do dinheiro e aquilo que é possível fazer com ele. Segundo sei, até chegar à fase de debate e, logo de seguida, eleições, há outras fases em que os alunos são acompanhados por técnicos do Município para melhor elaborar as suas ideias. Não faria sentido que, num desses momentos, se dissesse aos jovens que esta ou aquela ideia não serão exequíveis com os cinco mil euros estipulados para este projeto? Não seria profícuo que fossem instigados a voltar a pensar, a reequacionar as suas prioridades para aquilo que é possível fazer? Não estamos a gorar expectativas quando os deixamos chegar a esta última fase com ideias “megalómanas” (à escala do que é o projeto e o seu orçamento), sabendo que, se forem eleitos, nada daquilo que propõem é possível fazer?
A experiência vale pela experiência, é certo. Muitos deles passam a fazer parte de uma realidade que não imaginavam existir e todos (ou quase) referem precisamente o valor de experimentar algo novo, de conhecer pessoas novas, de se divertir. E é ótimo que assim seja. Mas não estará aqui a ser desperdiçada uma oportunidade de incutir a estes jovens alguma consciência e literacia financeira?
Todavia, este é um reparo ao processo e não ao seu resultado, por isso, que venha mais um mandato, que a experiência (mais uma vez, a experiência) valha a pena, que se aproveite a oportunidade e que, no final, se possa fazer um balanço positivo.