Mais próxima, mais barata, com melhores acessos. Estas são as justificativas do presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, sobre a mais recente decisão da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), da qual é vice-presidente, em apoiar a opção Santarém como localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa. Uma decisão da CIMRL e da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, do Médio Tejo e da Beira Baixa, num total de 48 municípios, ultimada no passado dia 20, em Porto de Mós, pelos quatro presidentes das respetivas entidades. E uma posição que o presidente do executivo escalabitano, Ricardo Gonçalves, vê com bons olhos: «Nós temos vários distritos que se têm associado ao projeto, Leiria, Coimbra, Guarda, Castelo Branco, Portalegre. Temos o Oeste que também se aproxima e o Interior de Portugal. Portanto há aqui uma região Centro que se está a unir, e estas coisas não se medem, como o senhor ministro João Galamba quis dizer, por quilómetros, medem-se pelo tempo que se leva a percorrer».
As acessibilidades são, aliás, um dos pontos fortes do projeto, já que a localização fica entre a Autoestrada do Norte (A1) e a ferroviária Linha do Norte, pelo que Ricardo Gonçalves acredita que de Santarém os visitantes se colocam «muito rapidamente em Lisboa»: «Santarém já tem esses acessos e não é longe, hoje de comboio demoramos 29 minutos entre Santarém e Lisboa, e até à localização deste aeroporto temos a A1, temos a A15, a A23, temos aqui tantos nós rodoviários que permitirá que este projeto aproxime Portugal e possa ser uma solução para o nosso país, para resolver de vez a falta de capacidade aeroportuária em Portugal». De referir que a área escolhida para o projeto, na fronteira entre as freguesias de São Vicente do Paul e Casével, perto da Área de Serviço de Santarém, se encontra fora da atual área concessionada pelo Estado à ANA Aeroportos (um raio de 75 quilómetros a partir da Portela).
O facto do projeto ser financiado «com dinheiros privados» (o promotor é o consórcio Magellan 500) é outra justificativa de ambos os presidentes, assim como o impacte ambiental (outra das opções mais fortes, a localização Montijo, «está ferida de legalidade ambiental», refere, «há uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada que diz que só não manda parar o projeto do Montijo porque este não está em execução») e o menor investimento acessório à gare aeroportuária («em Alcochete terá de ser construída uma Terceira Travessia [do Tejo] e é preciso depois fazer as ligações ferro e rodoviárias dessa ponte ao novo aeroporto, são mais 80 quilómetros, também custam muitos milhões de euros e depois ninguém quer assumir essas obra»). Mas, se a CIMRL defende a opção Santarém, Ricardo Gonçalves fala da opção Portela + Santarém, ou seja, «Santarém como complementar à Portela». E explica: «Não queremos o encerramento do aeroporto da Portela, claro que daqui a 30, 40, 50 anos, se houver essa necessidade, essa decisão política ou essa imposição legal de encerrar a Portela, este é um projeto que é escalável, e poderá absorver isso». Neste momento, as 25 localizações estão a ser avaliadas pela Comissão Técnica Independente.
A um “pulo” de Porto de Mós
A coesão territorial é um fator fundamental que justifica a decisão das Comunidades Intermunicipais. Jorge Vala considera que «era importante que o sítio escolhido fosse a norte de Lisboa, e por outro lado e até mais importante, é que fica nas proximidades da Região de Leiria», na qual o concelho de Porto de Mós é o mais a sul e, consequentemente, o mais próximo do distrito de Santarém, com o qual faz fronteira (via concelhos de Alcanena, Ourém e Rio Maior). A freguesia de Mira de Aire está inclusive dentro do raio de 30 quilómetros que abrange a futura «Cidade Aeroportuária», como recorda, «e portanto o concelho de Porto de Mós será naturalmente um grande beneficiado».
Não só a nível de diminuição dos tempos de viagem (ver tabela abaixo), mas também no que toca à construção de infraestruturas. Para já, ainda não há nada pensado: «Neste momento é uma proposta completamente de base ainda, e tudo o que seja acessório terá que ser pensado numa segunda fase, a ligação que existe entre Mira de Aire e Torres Novas neste caso, ao nó da A1 com a A23, provavelmente no futuro. Avançado a proposta terá que ser revista, até porque todo o tráfego do Litoral Centro só tem duas opções: ou vem pela A1, ou virá por esta via».
O autarca considera que «temos de pensar é nos prós, os contras são aqueles que já existem» no atual sistema aeroportuário nacional. E reforça: «Prós são muitos, são significativos, até porque mais importante para nós do que cada uma das pessoas individualmente, é sem duvida nenhuma os ganhos que o concelho pode ter, quer em termos de investimento privado, quer também na qualidade de vida das nossas populações».
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