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Alunas de intercâmbio escolhem Instituto Educativo do Juncal como segunda casa

10 Novembro 2020
Jéssica Silva

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Jéssica Silva

10 Nov, 2020

São jovens, estudantes e estrangeiras. Além destas semelhanças, a que se soma o sotaque predominante, que outras características poderão ter em comum Chiara, Emma e Ece? A resposta é resiliência, perseverança e sede de aventura. Todas, sem se conhecerem, tomaram a mesma decisão: deixar o seu “ninho” e bater asas em busca de uma experiência noutro país, através de um programa da AFS – Intercultura Portugal, uma associação que promove atividades de intercâmbio entre jovens de todo o mundo. Depois de feitos milhares de quilómetros e do resultado do teste à COVID-19 ser negativo, as três jovens foram recebidas por famílias de acolhimento na Calvaria de Baixo e na Batalha. Na bagagem trouxeram uma mão cheia de sonhos, mas sobretudo uma enorme vontade de aprender a língua de Camões.
Há quase um mês, Emma, de 16 anos, saía da comuna francesa de Dijon rumo à Batalha. À sua espera estava a família que a decidiu acolher durante três meses. No mesmo dia, Chiara, de 17 anos, deixava a pequena localidade de Puglia, em Itália e aterrava na Calvaria de Baixo, a sua nova morada e a que dias mais tarde se juntaria Ece, de 17 anos, vinda de Istambul. As famílias de acolhimento têm um papel fulcral na experiência de intercâmbio destes alunos e, segundo a diretora pedagógica do Instituto Educativo do Juncal (IEJ), Tânia Galeão, estas «aceitam tratá-los como se fossem filhos, ajudá-los com a integração, a conhecer a cultura e a aprender português».

Hoje as três jovens integram a turma do curso de Técnico de Análise Laboratorial do IEJ, aquela que é agora a sua segunda casa. Ece optou por vir estudar um ano letivo e só voltará à Turquia em julho, enquanto Emma e Chiara decidiram apenas por um trimestre. E é precisamente no IEJ que recebem O Portomosense, de sorriso tímido mas contagiante, acompanhadas por Tânia Galeão, e Andreia Teixeira, aluna que acolhe a jovem francesa. Logo no início da conversa, Ece não tem pudor em confessar que os momentos iniciais em terras lusas foram carregados de emoções fortes. «No primeiro dia chorei, mas as pessoas foram muito amigáveis e perguntaram-me logo se estava bem», conta, recordando as palavras de consolo. A jovem turca garante que desde início toda a comunidade escolar se tem prontificado a auxiliá-la a aprender português e que em alguns casos, traduzem para inglês.

Durante a entrevista, Ece demonstrou que, mesmo estando há escassos dias em Portugal, é de aprendizagem fácil e prova disso foram as inúmeras expressões que já conseguiu exprimir em português. Uma evolução que poderá ser reflexo do apoio prestado pela família de acolhimento. «A minha mãe de acolhimento tenta ajudar-me, colocando papéis nos objetos com o respetivo nome», adianta. Se estivesse na Turquia, Ece iria para a universidade, mas por enquanto, a sua prioridade é aprender a língua portuguesa e terá 10 meses para o fazer, pois esse será o tempo que ficará em Portugal, um país cuja comida é «fantástica».

Principal contraste está nos horários escolares

Também o paladar de Chiara se apaixonou pela gastronomia portuguesa, no entanto, há um ingrediente que na sua opinião é utilizado em exagero, a cebola, como teve oportunidade de desabafar a O Portomosense. Para já, a jovem italiana faz um balanço positivo daquilo que tem sido o tempo passado em território luso e destaca a beleza das paisagens: «Os dias aqui têm sido fantásticos. Existem sítios muito bonitos. Fui à Nazaré e adorei».

Por agora, a principal diferença que tem sentido prende-se com os horários. Em Itália, como noutros países, a organização do sistema de ensino apenas prevê aulas durante o período da manhã, contrariamente ao que sucede em Portugal. «O primeiro dia foi difícil porque é muito tempo», admite. À semelhança das outras estudantes, também Chiara elogia a sua família de acolhimento: «Desde o primeiro momento que eles me têm feito sentir como sendo parte da família». “Tenho fome” e “está frio” foram algumas das expressões que já conseguiu aprender.

Portugal, um país de “mente aberta”

Desde o início do mês que Emma está a cerca de 1 800 quilómetros de casa e assim continuará até dezembro, altura em que termina o intercâmbio. Neste período, Portugal será o seu lar e terá oportunidade de conhecer algumas das características que o distinguem da sua terra natal. Para já as impressões têm sido tão positivas que a jovem francesa não se coíbe de deixar rasgados elogios ao país que a acolheu: «Aqui as pessoas são muito simpáticas e têm mente aberta. Em França, algumas são más e julgam muito», lamenta. Quando questionada sobre a opinião que tem do país, Emma é perentória: «Eu amo Portugal desde que sou pequena!».

Apesar de admitir que preferia as disciplinas que tinha em França, Emma garante que está a ter uma boa adaptação ao IEJ e reconhece a simpatia de alunos e docentes. «Estou a gostar muito da escola e as pessoas tentam ajudar-nos. Acho que isso é bom», destaca. Durante o período que permanecerá em Portugal, a Batalha será a sua residência, pois é aí que está a sua família de acolhimento. «Gosto muito deles e estou contente por aqui estar», admite, embora um pouco envergonhada por ter ao lado, a sua “irmã”: Andreia Teixeira, de 17 anos, também ela aluna do IEJ.

A jovem batalhense conta que esta é a segunda vez que acolhe uma estudante estrangeira em sua casa, mas revela que se não fosse a sua insistência, havia probabilidade de não se repetir. «Por causa do vírus, quase tive que implorar à minha mãe para receber outra menina, mas consegui convencê-la», garante Andreia Teixeira, visivelmente satisfeita, acrescentando que esta é uma experiência que gostaria de repetir mais vezes: «É fantástico. Gosto muito de receber pessoas de outros países e ensinar a nossa rotina. Por mim, vinha outra em janeiro mas não sei se a minha mãe aceita», desabafa. No seu entender, estes projetos trazem inúmeras vantagens para quem acolhe os estudantes. «É uma forma de aprender e de evoluir o meu inglês. Daí eu querer tanto», justifica a jovem, adiantando que também gostava de rumar a outro país mas que «é muito caro».

«É uma experiência incrível, sem sair de casa», atira Tânia Galeão. Há três anos que o IEJ tem uma parceria com a AFS e desde então já recebeu um total de sete alunos vindos do Chipre, França, Itália, Turquia e Hungria. «Isto é uma mais-valia para as escolas», destaca, esclarecendo que a instituição não tem «absolutamente intervenção nenhuma» na seleção das famílias de acolhimento, assim como no processo de pagamento, cabendo essas ações à própria AFS. O programa oferece três possibilidades de se estudar noutro país: por trimestre, semestre ou ano letivo e neste último caso, o valor do projeto tem um custo para as famílias que ascende os «10 mil euros».

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