O dia 10 de dezembro foi um dia «importante» para a União de Freguesias de Alvados e Alcaria, assim o salientou a presidente de Junta, Sandra Martins. Em causa esteve a inauguração de duas obras, uma delas adiada há vários anos – a requalificação da linha de água do rio Cabrão. «Numa grande parte da área que foi requalificada não havia espaço de passeio, o alcatrão até já se estava a partir para a linha de água, o que significava que quando circulavam dois carros nos dois sentidos, o peão que viesse a pé tinha que se encolher ou então um dos carros tinha que parar», explicou a presidente a O Portomosense. A juntar a isto, o facto de o alcatrão se estar cada vez a partir mais, fazia com que a linha de água acumulasse detritos e por isso estava menos fundo, o que levava a que «quando tinha água a correr, houvesse sempre inundações».
Esta obra foi sendo adiada sobretudo pelos problemas levantados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que é quem chefia as linhas de água no país, uma vez que aqui estava em causa a necessidade de desviar um pouco esta linha. «Ainda tivemos alguns problemas e foi por estes constrangimentos que ao longo dos anos outros presidentes [de Junta] foram adiando, mas quero agradecer ao presidente da Câmara, Jorge Vala, porque mesmo sabendo das dificuldades, disse para “avançarmos”», conta. A APA chegou a receber uma queixa e a marcar presença no local já com a obra a decorrer, mas «quando viram fotografias do antes e do perigo que era, viram que não havia razão para a queixa». Depois de terem falado com os proprietários dos terrenos adjacentes e de estes terem aceitado a obra, «apenas pedindo dois acessos com pontes», a empreitada avançou. «Estou muito contente porque é um sítio que nos diz muito, acho que se conseguiu fazer as duas coisas, criar segurança e embelezar um espaço que também estava muito abandonado porque era uma linha de água feita há muitos anos que não tinha tido conservação», considera a presidente. Esta obra que incluiu um passeio, limpeza, criação de muros de pedra e emadeiramento custou «entre 100 e 110 mil euros» e foi na sua maior parte financiada pela Câmara Municipal de Porto de Mós. «Quisemos manter a traça, não fazer ali nada que não fosse enquadrado na aldeia», concluiu ainda Sandra Martins. A presidente refere que, sem o Município, a Junta «não teria verba para avançar com a obra», adiantando que esta não para por aqui: «Já fizemos o pedido à Câmara para nos ajudar na concretização do resto da rua e isso vai avançar».
Alcaria ganha novo espaço de lazer
«Era um espaço que estava ao abandono, propriedade da dona Maria do Rosário. Quando entrámos para o Executivo havia a ideia de que era importante Alcaria também ter um espacinho destes [parque] dentro da povoação e surgiu este espaço. Um dia viemos aqui, propusemos à dona Maria esta ideia, fazer algo que dignificasse o espaço e fosse útil para a povoação e ela cedeu o espaço à Junta», explicou Sandra Martins durante a inauguração do Quintal da Casa, em Alcaria. «Contámos aqui também com a colaboração da Câmara, foi a arquiteta da Câmara que nos fez o projeto. Decidimos denominar Quintal da Casa porque alguém que costumava brincar aqui diz que era assim que chamavam a este espaço e nós achámos que o nome, além de ter alguma história associada, era engraçado», revela a presidente.
O Quintal da Casa tem, além das máquinas de ginástica, equipamentos para as crianças, churrasqueira, casas de banho e terá também mesas para os convívios. Para esta obra foi usado o valor que habitualmente cada Junta recebe por parte da Câmara, – o interadministrativo – embora não tenha chegado. «O nosso interadministrativo é de 20 e tal mil, não chegou. A obra estava orçamentada em cerca de 35 mil euros, como era um pouco acima do valor que tínhamos, ajustámos com o empreiteiro não fazer a parte elétrica e de canalizações e ficou à volta de 30 mil euros (em 2021), depois no ano passado, com valores da Junta, fizemos a colocação das máquinas e mandámos fazer a canalização e eletrificação à parte, mas a base foi o interadministrativo de 2021, a obra no total rondou os 40 mil euros».
A obra, apesar de já ter sido inaugurada e ter maior parte das valências em funcionamento, ainda não está concluída. «Falta a pintura dos passeios, vamos colocar uma lona a cobrir a pérola para proteger no verão e inverno e vamos ajardinar quando estiver melhor tempo», explica Sandra Martins. A presidente espera agora «que frequentem este espaço»: «É um espaço aberto a todos, a quem é de Alcaria, Alvados, mas também a todas as pessoas que nos visitam de fora, que já são muitas».
“Exemplo da relação que a Câmara quer com as Juntas”
O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, marcou presença na inauguração dos dois projetos e em ambos salientou os «excelentes exemplos» da parceria e relação direta que a Câmara Municipal quer ter com as Juntas de Freguesia. «Hoje é um dia de festa para esta União de Freguesias», sublinhou o autarca. Antes de adiantar alguns projetos que tem para os dois lugares desta União de Freguesias, Jorge Vala revelou que os contratos interadministrativos para as Juntas vão aumentar em 2024: «Este ano foram 275 mil euros, para o ano são 300 mil euros que dividimos pelas Juntas, o que proporciona que possam concretizar projetos que têm em mente, aqueles projetos que pela dinâmica dos executivos de Junta e pela sua dimensão, são feitos muito melhor do que se fosse a Câmara a fazê-los, e mais rápido, portanto nós gostamos muito de poder partilhar este valor com as Juntas porque sabemos que são obras muito necessárias e muito bem empregues».
Jorge Vala reconhece que Alvados e Alcaria é «uma freguesia muito grande, com muitas necessidades e, infelizmente, com poucos recursos financeiros, não vivendo de algo em específico como as pedreiras ou parque eólico, precisando de uma atenção diferente da Câmara». O autarca referiu que já existe «parecer favorável do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para uma zona de contemplação junto às Grutas de Alvados», faltando apenas acertar pormenores com o proprietário dos terrenos necessários (o mesmo que das Grutas). Para Alcaria está no topo das prioridades avançar «com o abastecimento de água na parte alta» da terra: «Infelizmente o concurso que lançámos ficou vazio, o valor que colocámos a concurso era suficiente, mas não apareceu ninguém. Já voltámos a lançar e espero poder concretizar este compromisso mais rápido possível». A receção e parque de estacionamento no caminho para a Fórnea é também para avançar, mas tem havido «dificuldade no licenciamento com o ICNF».
Jéssica Moás de Sá | fotos