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Amolador: uma profissão em vias de extinção?

7 Janeiro 2020
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

7 Jan, 2020

Foto: Jéssica Moás de Sá

Para os mais jovens pode até ser uma profissão desconhecida, porque hoje são menos os amoladores que, rua abaixo e rua acima, com o seu apito, vão chamando fregueses. Diz-se que a presença do amolador é sinal de chuva, e não sabemos se foi mero acaso ou fruto do inverno, mas a chuva apareceu, quando, à frente das instalações de O Portomosense, Luís Gonzaga passou. Vinha com a sua antiga bicicleta, onde transporta a pedra para amolar vários objetos, desde facas, tesouras ou outros instrumentos de corte. O seu apito é forte e fica no ouvido durante algum tempo. Por ser tão raro, não quisemos deixar escapar este amolador, sem lhe conhecer as motivações para se manter nesta atividade tão antiga.

Até em Espanha é requisitado

Luís Gonzaga, tem 40 anos e admite que já perdeu «a conta aos anos» que é amolador, porque foi «sempre» isto que fez. É o seu sustento e era também o da sua família, continuando um percurso iniciado pelo pai. Apenas ele agarrou no testemunho e manteve na família esta tradição, mas acredita que, pelo país, «ainda há muita gente» a fazer o mesmo.

O som do apito ainda capta a atenção «de alguns clientes», não tantos quanto desejaria o amolador, natural de Vila Franca de Xira, mas suficientes para «ir vivendo», desde que, admite entre risos, «não se gaste muito». Passa em Porto de Mós «mais ou menos de dois em dois meses», vem de carro até à vila, mas depois de estacionado o carro, chega a fazer «de 20 a 40 quilómetros num só dia», aqui e em várias outras localidades por onde passa.

Acorda às cinco horas da manhã para beber o seu café e depois inicia a labuta. Na maior parte das vezes anda «sozinho», mas neste dia fazia-se acompanhar pelo irmão, que às vezes gosta de fazer as voltas com o amolador. Já tinha tido «alguns clientes» quando o interpelámos. Perguntámos que idade tem a maioria dos clientes que o abordam e Luís Gonzaga diz que «depende dos dias, há dias em que são os mais novos e dias em que são clientes mais velhos». A volta acaba, habitualmente, entre as «14h30 e as 15 horas».

Luís Gonzaga já não é só “nosso”, foi conquistado pelo mercado espanhol. É precisamente no país vizinho «onde tem mais clientes». Já conheceu «muitas pessoas» neste negócio e foi através de contactos que fez em Portugal, que foi chamado a Espanha, mais precisamente a Valência: «Conheci aqui os clientes, eles enviaram-me a morada para ir lá», conta. Hoje a viagem a terras castelhanas é recorrente. Nos pés, Luís Gonzaga tem milhares de quilómetros e já se cruzou com muitos clientes com quem acumula estórias. A partir de agora, O Portomosense faz também parte da sua estória.

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