Presidente: “Estrutura principal saiu”
O presidente da AD Portomosense, Nuno Moreira da Silva, é perentório quando questionado sobre as ambições para a época prestes a começar: «Não podem ser muito altas porque para além de termos mudado de treinador, a estrutura principal da equipa saiu», admite. Apesar da fasquia «não estar muito alta», o presidente acredita que o clube «luta sempre pela vitória e pelos primeiros lugares».
O plantel está ainda a ser construído, mas a maior parte dos jogadores são novos. «Tem sido bastante difícil fechar o plantel, tendo em conta o rigor orçamental. Vamos tentar fazer uma equipa competitiva para, pelo menos, não fazer pior que no ano anterior, embora no ano passado tivéssemos melhores condições que este ano», refere Nuno Moreira da Silva. E embora a qualidade do plantel possa ter diminuído, pela «vontade demonstrada nos primeiros dias de pré-época», o presidente fica mais otimista. «No ano passado alguns jogadores evidenciavam mais talento, mas nem sempre tinham vontade. Neste início [de época] sentimos que os jogadores, mesmo que alguns possam ter menos talento, mostram mais vontade», salienta.
Além de acreditar na vontade dos jogadores, Nuno Moreira da Silva acredita também na nova equipa técnica. Depois de ter sido surpreendida pela não continuidade da anterior equipa técnica que esperava que «fizesse esta época», a direção foi «à procura de uma solução»: «E pensamos que encontrámos uma excelente opção». Procuravam «alguém com experiência e que tivesse mostrado resultados por onde passou». Pedro Cordeiro é o novo treinador que, «embora seja jovem, tem experiência e tem feito bons trabalhos». Ainda assim, o presidente admite que quando foi contratado as circunstâncias eram diferentes: «Esperávamos manter a base da equipa, mas não foi possível. Este ano houve algo nesta divisão diferente, uma concorrência brutal e transferências de jogadores entre clubes, surgiram clubes com outros objetivos e também com outros orçamentos». Na prioridade desta direção está «não viver acima das possibilidades». «Não conseguimos acompanhar as propostas dos outros clubes porque queremos chegar ao final da época de consciência tranquila e com todos os compromissos “satisfeitos”», assume Nuno Moreira da Silva. O dirigente diz ainda que «por vezes» existem «previsões de receitas que depois não se verificam»: «Um patrocinador, dos principais, deixou de apoiar não só a nossa equipa como outras. Isso criou-nos algumas dificuldades e estamos à procura de novos patrocinadores».
Por fim, o presidente deixa um lamento. «Não se sente bairrismo neste clube, há um afastamento da população. Gostaríamos que este fosse o clube referência do concelho, mas há outros clubes com adesão maior», salienta o presidente. Nuno Moreira da Silva convida, por isso, a que a população «volte a gostar de ir em massa aos jogos, pelo menos em casa», porque, admite, esse objetivo da direção «ainda não foi conseguido».
Treinador: “Encaro este como o ano zero do projeto”
Pedro Cordeiro foi o técnico escolhido para comandar a AD Portomosense. Anunciado pelo clube em junho, o treinador tinha estado nas últimas duas épocas ao serviço do Beneditense, mas já teve passagens por vários clubes. «Licenciei-me na área de treino desportivo em 2010 e desde aí que tenho estado sempre ligado ao treino», explicou a O Portomosense. Já passou por vários clubes, como treinador de escalões de formação, adjunto e treinador principal. As mais recentes experiências – além do já mencionado Beneditense – foram no Marinhense, Rio Maior Sport Clube e também, noutro clube do concelho, o Mirense. E porquê aceitar o desafio da AD Portomosense? «Enquanto treinadores, queremos sempre dar passos na carreira e aceitei este desafio com o intuito de dar mais um passo em frente, poder lutar por objetivos mais ambiciosos do que lutava no Beneditense». No entanto, o técnico admite que foi surpreendido e que algumas destas ambições tiveram que ser repensadas. «Na época passada, o clube tinha um excelente núcleo de jogadores, mas fui surpreendido porque muitos deles acabaram por sair e a minha ideia era vir para o clube acrescentar qualidade ao que já existia, o que não foi possível porque saíram bastantes jogadores da equipa titular e com bastante valor, algo que não esperava», salienta. Por isso, admite, a luta pelo título ou «pelos primeiros lugares» é agora mais difícil.
Fazer um plantel praticamente novo «não foi fácil» e está ainda «em aberto». «Quando me comprometi com o clube, já muitos jogadores estavam certos em clubes rivais», explica. Neste momento, o técnico prefere não «definir grandes objetivos». «Vamos tentar lutar em todos os jogos pelos três pontos, tentar juntar a equipa e trabalhar para melhorar as competências de todos nós». Pedro Cordeiro diz que tem encarado este como «um ano zero», de reconstrução da equipa, no entanto «sempre com a ambição» que o caracteriza. «Queremos sempre disputar os três pontos em qualquer campo e em qualquer jogo», garante.
O treinador acredita que este vai ser um campeonato «bastante equilibrado». «Há anos em que pensamos “esta equipa vai claramente descer de divisão”, acho que na próxima época não há nenhuma equipa que possamos dizer isso», antevê. Por outro lado, existem «dois a quatro principais candidatos a serem campeões». «Penso que uma equipa que esteja na metade inferior da tabela classificativa poderá ganhar a uma equipa que esteja nos primeiros lugares, portanto, acho que isso vai ser bom para o futebol distrital e para o desenvolvimento de todos os clubes», reforça o técnico.