Antevisão da época 2023/24: ARCD Mendiga

19 Setembro 2023

Luís Vieira Cruz

Presidente: “Objetivo imediato é a manutenção”

À semelhança da época transacta, a ARCD Mendiga vai iniciar um novo campeonato na III Divisão Nacional de Futsal com um objetivo mais modesto: a manutenção. Contudo, desengane-se quem pensa que este é um clube que não pode ambicionar algo mais. O presidente da coletividade, Paulo Eusébio, reconhece que «se as coisas começarem logo a correr bem, há fortes possibilidades de repetir aquilo que foi feito em 2022/23», edição na qual os seus atletas se livraram bem cedo da zona da linha de água e começaram a disputar os primeiros lugares da tabela classificativa, tendo terminado num honroso quinto lugar.

Um dos segredos para o sucesso recente da equipa da Mendiga é a estabilidade: «As entradas e saídas não foram muitas. Tivemos apenas dois reforços – que considero mais-valias para o plantel e que ficaram de imediato fechados no final da última época -, mas os outros mantêm-se praticamente os mesmos. Isso para nós é uma grande vantagem, já que todos se conhecem, sentem o clube e sabem viver o ambiente que se gera nos dias de jogo. Assim tudo fica mais fácil», apontou. Este olhar diferenciado para o mercado de transferências prende-se em dois fatores-chave, segundo o presidente. O primeiro associado à ideia de se começar «a trabalhar a pré-época já com o plantel definido, sem medo que alguém importante vá embora», e o segundo tendo em conta os valores que o clube pretende transmitir. Para tal, foi necessário abordar e segurar bem cedo o lote de capitães. «Conseguimos fazê-lo e estou muito satisfeito, até porque são eles que passam aquilo que é “ser Mendiga” aos mais novos ou a quem chega», assinalou.

Para este novo desafio, Paulo Eusébio apostou no regresso de uma cara bem conhecida por todos no clube. Luís Mota – que durante anos esteve ligado à Mendiga como jogador e que foi um dos obreiros, já como técnico, da subida à divisão onde ainda hoje se encontram -, «foi sempre a prioridade, é a pessoa certa no local certo. Está identificado connosco e sabe perfeitamente que todos os seus objetivos são também os nossos [direção]».

Instado a dirigir-se à massa associativa, o responsável deixou um repto para que se continuem a encher autocarros e pavilhões: «Eles são o nosso sexto jogador e são quem mantém toda esta estrutura a funcionar», rematou.

Treinador: “Aqui há amor à camisola”

Depois de em 2021/22 ter ajudado a ARCD Mendiga a ascender às divisões nacionais de futsal, Luís Mota fez um ano de interregno na sua carreira de treinador. Agora, está de volta para tentar ajudar o clube a cimentar-se no respetivo escalão. Tal como Paulo Eusébio, o seu primeiro requisito «é assegurar a manutenção o mais depressa possível» e só depois «tentar subir de patamar, fazendo igual ou melhor na III Divisão», diz a O Portomosense.

O legado deixado pelo seu antecessor é pesado e Mota sabe que a equipa da Mendiga não luta com as mesmas armas financeiras e estruturais que os seus adversários, mas o técnico mostra confiança num núcleo de jogadores que caracteriza como «ambicioso e, ao mesmo tempo, com os pés bem assentes na terra». As maiores forças do clube, explica, advêm «do empenho do pessoal», algo que o deixa «extremamente satisfeito em termos de plantel». «Há dois anos não éramos os melhores, mas transcendemo-nos. No ano passado também não o éramos e voltamos a fazê-lo… E este ano acredito que o faremos novamente», vaticinou.

Desafiado a analisar o mercado de transferências, Luís Mota foi perentório: «É muito difícil para nós ir buscar jogadores seja onde for. Com isto não quero dizer que não estamos satisfeitos com quem está, claro. Mas não vale a pena sonhar com reforços de peso. Temos que ir passo a passo. Para se ter uma ideia, já tentámos ir buscar jogadores à 1.ª Divisão Distrital (duas divisões abaixo do atual patamar da ARCD Mendiga) e não fomos capazes porque lá ganham mais. Aquilo que aqui lhes podemos dar é a possibilidade de competir a um nível superior», destacou.

Aspetos financeiros à parte, Luís Mota acredita que o grande problema é atrair jogadores de fora para o clube, já que considera que «uma vez que eles vêm, já não querem ir embora. Aqui temos por tradição receber bem toda a gente e é normal que os atletas, mesmo que mais tarde deixem a equipa, continuem a apoiar enquanto adeptos». A história de Luís Mota na Mendiga começou há quase duas décadas e desde então, recorda, «os plantéis nunca mudaram muito de ano para ano». Este fenómeno, cada vez mais raro nos desportos coletivos, deve-se ao gosto por aquela terra. «É normal que com estas condições extra-financeiras e em especial com o bom ambiente o pessoal da casa vá ficando. Ainda treino um ou dois que chegaram a ser meus colegas de equipa e isso faz toda a diferença. Quem está cá gosta mesmo da Mendiga e só estamos a conseguir manter jogadores porque aqui ainda se joga por amor à camisola», explanou.

Enquanto líder de balneário, Luís Mota define-se como «um treinador que gosta de adaptar-se aos atletas que tem à disposição», que «analisa todos os adversários», que dá oportunidades «aos mais jovens» e que pratica um futsal assente na «entrega e na objetividade característica da Mendiga», estilo que reconhece não agradar a toda a gente, mas que está enraizado há anos no ADN desta equipa.

Para já, Mota entrou com o pé direito na temporada. No seu primeiro jogo oficial, a contar para a Taça de Honra da AF Leiria, venceu na segunda-feira o Santiago da Guarda por 3-1, na quarta-feira, e já depois do fecho desta edição, defrontou a Amarense, e tem encontro marcado com a URD Juncalense na próxima sexta-feira, 15 de setembro.

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