Antevisão da época 2023/24: UR Mirense

18 Setembro 2023

Luís Vieira Cruz

Presidente: “Grupo é melhor que no ano passado”

Depois de uma temporada 2022/2023 para esquecer, devido à queda para a 1º Divisão Distrital da AF Leiria, a UR Mirense traz para a época que em breve se inicia um único objetivo, voltar a subir. Na ótica do seu presidente, Manuel Balela, o ano desportivo anterior empurrou o clube para «um processo de reestruturação que tem sido quase como voltar à estaca zero», mas o bilhete para outros voos pode ser conquistado «caso se consiga construir uma equipa competitiva apoiada por uma estrutura ainda mais forte», pontos que considera indispensáveis para ter hipóteses de lutar pelos lugares cimeiros de «um campeonato tão disputado».

Em relação ao plantel, Balela não tem dúvidas: «Faltam-nos dois ou três atletas neste momento, que estamos a tentar fechar, mas estamos melhor estruturados e com um grupo muito melhor que no ano passado. Há mais quantidade, mais qualidade e, acima de tudo, mais grupo. Para mim, isso é que é importante. Se conseguirmos preencher algumas lacunas, somos candidatos à subida, mas mesmo que não consigamos, vamos lutar de igual forma até ao fim», vinca.

O mercado de transferências este verão «até nem correu mal» ao emblema de Mira de Aire, confessa. No entanto, o responsável máximo tem um lamento – é cada vez mais difícil contratar. Nesta fase, «já não há muitos jogadores a jogar futebol sem receber nada em troca e é natural que aqueles que têm mais qualidade se façam valer dela para tentarem ganhar mais dinheiro. Nós aqui é que não entramos em loucuras. Temos as finanças equilibradas e isso acaba por refletir-se no plantel», justificou.

Embora em termos de plantel «as coisas estejam bem encaminhadas», há ainda um problema por resolver. A UR Mirense «anda de casa às costas, a treinar no sintético de Porto de Mós e num pequeno campo atrás de uma das balizas do [seu] estádio», devido a «alguns atrasos na substituição do relvado», obras que a direção espera que estejam finalizadas na última semana do mês. Esta situação «está a ser difícil de gerir, mas o espaço que tínhamos estava degradado e sou da opinião que se é para fazer, tem que fazer-se bem feito. Atrasámo-nos para termos depois tudo em condições e acredito que esta mudança de piso vai ajudar-nos até em termos de formação. Temos agora infantis a jogar futebol de sete, traquinas e petizes, e o sintético vai ajudar a atrair mais miúdos e obrigar-nos a “andar para a frente”, nomeadamente em relação às estruturas adjacentes, como os balneários. Mas é através da formação que nos vamos tornar num clube sustentável», declarou.

Tendo em mira um regresso de honra à Honra, Manuel Balela acredita que a UR Mirense se irá tornar «num clube ainda maior» e que, para isso, precisa do apoio de todos os adeptos».

Treinador: “Vim para para subir de divisão”

Hélio Santos, técnico que chega aos comandos da UR Mirense após duas temporadas na Caranguejeira, está perfeitamente alinhado com os objetivos ambiciosos da direção do clube. Na sua mente, não há outra opção que não o ataque à subida de divisão: «Foi mesmo para isso que vim para aqui, para subir, e o plantel que estamos a construir e que ainda não está fechado vai permitir-nos lutar», assume.

Ainda que já estivesse ciente das «dificuldades normalmente associadas à disputa da 1.ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Leiria», Santos não esconde que estes primeiros tempos não têm sido fáceis sem um relvado fixo onde treinar. «A pré-época é das partes mais importantes da temporada e uma má preparação pode colocar em causa tudo aquilo que ambicionamos. Estamos a partilhar o sintético com a AD Portomosense, que também teve obras nas suas instalações, e há naquele campo um poste de iluminação que não funciona desde as Festas de São Pedro, o que torna o terreno muito escuro. Tudo isto obriga-nos a treinar apenas numa baliza ou a ir para um espaço de uns 30 por 50 metros que temos em Mira de Aire, mas estamos muito condicionados e torna-se difícil passar conteúdo tático», lamentou.

Um outro reparo de Hélio Santos é também a dificuldade de fechar, por completo, o plantel. Quando se mudou de armas e bagagens para o clube, diz ter trazido «uma lista de quarenta jogadores para ser analisada com o presidente». Daquela seleção, conseguiram-se «apenas seis nomes», algo que confessa que não estava nos planos. «Estive na Caranguejeira e sabia o quão difícil era [contratar] lá. Apesar de estar “às portas” de Leiria, não havia prémios de jogo nem ajuda no gasóleo. Aqui na UR Mirense há pouco, mas há. Podemos dizer que há falta de jogadores, e é verdade, mas o que se nota agora é a falta de personalidade dos miúdos e até dos mais experientes. Vemos muitas jogadas de bastidores, atletas a irem oferecer-se a este clube e àquele, e por cinco ou 10 euros mudam de opinião», referiu, antes de exemplificar com alguns casos aos quais diz ter assistido já este verão: «Este ano tivemos dois ou três que tiraram foto para as redes sociais do clube, assinaram um documento que hoje em dia vale o que vale, comprometeram-se e depois de duas semanas sem atenderem o telefone, estavam noutro lado. Com isto perde-se a essência do futebol», relatou.

Mas em relação a contratempos, o novo treinador da UR Mirense prefere ver o “copo meio cheio”. Tanto os atrasos no regresso a “casa” como as limitações na hora de contratar têm servido de combustível para alimentar uma equipa «que se agarra às dificuldades para se tornar ainda mais forte e que se tem mostrado comprometida independentemente do local onde treina». Das fraquezas, Santos espera «fazer forças» e afirma que o que importa é o profissionalismo apresentado «mesmo numa divisão amadora», onde os seus adversários irão encontrar «uma equipa organizada defensivamente mas que luta sempre “olhos nos olhos” pelos três pontos».

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