Alcanena acolheu a 26 de setembro a primeira assembleia-geral da Associação para a Promoção do Olival e Azeite de Aire e Candeeiros (APOAC), entidade de âmbito regional que conta entre os seus órgãos sociais com vários portomosenses.
A associação arranca com 53 membros fundadores, entre olivicultores, lagareiros, embaladores, comerciantes e operadores olivoturísticos dos sete municípios que integram o PNSAC (Porto de Mós, Alcanena, Alcobaça, Ourém, Torres Novas, Rio Maior e Santarém).
A APOAC é, para já, a consequência mais visível do projeto Ouro Líquido, que tem por missão «valorizar a fileira da oliveira, criando valor e procurando soluções para os desafios colocados ao olival tradicional, nos planos do modelo produtivo, organização do setor, fatores críticos de competitividade e estratégia de promoção e comercialização», como explica a associação em comunicado.
O contributo da APOAC nesse âmbito passa por «aprofundar o conhecimento sobre a cadeia de valor do olival tradicional, estimular os agentes privados a inovar nos processos, produtos e serviços, atrair novos operadores, aceder a redes de conhecimento, aprender com outros casos, estudar e abrir novos mercados e envolver organismos do Estado para a estratégia a prosseguir no futuro».
O projeto Ouro Líquido surgiu em 2023 no quadro da Comissão de Cogestão do PNSAC e da Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros (ADSAICA) e já envolveu mais de 280 pessoas, desde operadores do setor, agentes públicos, academia, empresas e demais interessados na fileira da oliveira.
Na última sessão da Assembleia Municipal, de Porto de Mós, o vice-presidente da Câmara, Eduardo Amaral, saudou o aparecimento da nova associação e disse que o Município considera «extremamente interessante» terem entrado para os órgãos sociais, três pessoas do concelho: José Ferreira e António Pedroso, respetivamente, presidente e secretário da assembleia-geral, e José Feteira, suplente do conselho fiscal.
«Achamos que a criação da APOAC é uma grande oportunidade para todos falarem do grande recurso que temos e que é o azeite, e chamar a atenção, sobretudo, para a necessidade de recuperar o olival», sublinhou o autarca, adiantando que um dos grandes propósitos da associação e do Ouro Líquido «é certificar o azeite produzido na área do PNSAC e criar uma marca registada de forma a que possa ser «um produto completamente diferenciador» e nessa medida «ser vendido de uma outra forma».
Dando como exemplo a lentrisca, uma das variedades de azeitona de maior presença no PNSAC, Eduardo Amaral explicou que na sequência de uma série de encontros técnicos, os produtores e lagareiros já começaram a trabalhá-la mais de acordo com as suas características e isso terá consequências. O azeite que daí resultar, se já houver certificação e marca registada, será, naturalmente, colocado no mercado a um preço mais elevado porque além da qualidade do produto em si, o facto da azeitona ser apanhada à mão também tem de ser tido em conta, frisou.
Eduardo Amaral, que é também o presidente da ADSAICA (em representação do Município), considera de enorme importância investir-se na recuperação do olival tradicional e vê no olivoturismo uma oportunidade. De acordo com o responsável, no âmbito do projeto Ouro Líquido têm sido feitas várias reuniões de trabalho em toda a área do PNSAC. Duas foram em Alvados e São Bento e houve ainda um seminário com a presença do secretário de Estado da Agricultura, em Alcaria. Um dos temas abordados foi, precisamente, o apoio ou financiamento existente para a recuperação do olival tradicional.
A terminar, Amaral falou de outro projeto em que o Município está envolvido, a identificação de oliveiras milenares que ainda existam no concelho. «Dizer, por exemplo, que Porto de Mós já tem azeite há mais de 1000 anos», será, no seu entender, um bom lema, para conseguir no mercado, a justa valorização do azeite aqui produzido.
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