Arborismo medieval de São Jorge pioneiro na Europa há meia década

21 Junho 2024

Juliana Santos

Nasceu há cinco anos o primeiro parque de arborismo com temática medieval da Europa, adjacente ao Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA), em São Jorge, idealizado e construído por Leonardo Alves, gestor da empresa Tuga Aventura. A prática consiste na transposição de obstáculos entre plataformas fixas nas copas das árvores e focando-se na Batalha de Aljubarrota, o Parque de Aventura de São Jorge uniu a história ao desporto. Mediante três percursos, um da Batalha de Aljubarrota, outro de treino e o último de 450 metros em slides, os participantes podem dar asas à imaginação através da simbologia histórica e de elementos alusivos como as pás e as panelas da padeira de Aljubarrota, canhões de guerra e escudos.

Um ano depois da abertura do Parque em 2019, a pandemia de covid-19 condicionou a vida da população, mas para o arborismo local, este foi um fator positivo. «Como as pessoas só podiam sair para a rua e aquele espaço é na natureza, no último ano da pandemia tivemos mesmo muito boa afluência e até foi melhor, por exemplo, do que no ano passado», relata Leonardo Alves.

Estrangeiros geram mais procura no verão

Segundo o responsável, que gere também o Parque Aventura dos Pousos, em Leiria, a afluência do espaço é afetada pela sazonalidade. «Isto funciona quando as escolas estão fechadas. Ao fim de semana, se estiver bom tempo, os miúdos vão fazer aniversários, não é que haja algum perigo de fazer [os percursos] à chuva, mas é o que acontece na nossa cultura», refere, referenciando o exemplo dos países nórdicos «em que há neve e toda a gente anda pendurada num parque». «Como diz uma amiga minha sueca, não há mau tempo, há pessoas mal vestidas», acrescenta.

Este ano, durante os meses quentes, o Parque está aberto todos os dias até ao dia 15 de setembro e durante o resto do ano funciona por marcação para grupos com um mínimo de cinco pessoas. «No verão não há muitos portugueses a fazer [arborismo]. Nos meses de julho e agosto, de manhã, há muitos franceses, porque na nossa costa há muitos franceses a passar férias e o arborismo em França é tipo uma religião. Eles procuram mesmo isso», explica. «Da parte da tarde, os portugueses imigrantes que estão de férias almoçam e vão ao Parque», sublinha.

Atividade é vista como um impulsionador de vínculos afetivos

Uma das diferenças sentida entre as famílias de “cá” e as de “fora”, frisada por Leonardo Alves, relativamente à interação com o espaço e com os outros, é a união e o espírito de equipa. «Hoje em dia [os portugueses] querem celebrar os anos dos miúdos fora de casa numa atividade e vêm celebrar. Não vêm tanto em família, porque os portugueses metem os miúdos a andar e vão lá para o lado beber uma cerveja…». Os estrangeiros fazem [as atividades] todos [juntos], a família inteira», «também há portugueses que têm a ideia de que é infantil. Quando nós explicamos que não é, alguns compram o bilhete também, porque os miúdos começam a desafiá-los», assenta.

O responsável ilustra o cenário de entreajuda que se vive no Parque, na sua opinião uma possibilidade para fortalecer e criar laços afetivos. «Quando vai, por exemplo, uma família, o espaço proporciona um convívio entre as pessoas e proporciona uma espécie de team building, um trabalho de equipa em que uns se ajudam aos outros num ambiente que não é costume», defende. «Quando vai um casal de namorados, no caso os esposos vão muito porque têm um percurso grande e vão desafiar-se, ajudam-se uns aos outros, porque aquilo é complicado e cria-se aí esse laço», conclui. Os que já participaram deixam críticas positivas, aclamando a experiência desafiante, a localização, a pedagogia, o espaço e quem lá trabalha.

Foto | DR

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