Início » Arrimal, Mendiga, Alqueidão da Serra e Mira de Aire “sem Saúde”

Arrimal, Mendiga, Alqueidão da Serra e Mira de Aire “sem Saúde”

17 Março 2023
Catarina Correia Martins

Texto

Partilhar

Catarina Correia Martins

17 Mar, 2023

«Até ao final do ano, [o estado da Saúde no concelho] vai piorar», a afirmação é do presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, na última sessão da Assembleia Municipal, repetindo a informação que lhe havia sido dada numa reunião, a 15 de fevereiro, com a nova coordenadora da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Porto de Mós, Ana Henriques, e com o coordenador do Agrupamentos de Centros de Saúde Pinhal Litoral (ACESPL), Marco Neves. O autarca adiantou que, no concelho, há três médicas que rescindiram contrato com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e há um clínico com redução de horário. «Quando temos cerca de seis mil utentes sem médico de família, pedimos respostas aos responsáveis e eles nos dizem que a resposta que há é a consulta de intersustituição, mas que só podem fazer 12, por dia, no máximo, temos aqui, naturalmente uma preocupação acrescida», afirmou. A reunião serviu para «fazer o ponto de situação da Saúde no concelho e, em particular das extensões de saúde de Arrimal e Mendiga, bem como a sistemática falta de cobertura de cuidados de saúde no Alqueidão da Serra e em Mira de Aire», perante a falta de opções, Jorge Vala diz ter mostrado, novamente, a disponibilidade do Município para «fazer parte da solução, para ceder um assistente administrativo [para Arrimal e Mendiga] para fazer face à questão da ausência prolongada e, assim, em conjunto com o enfermeiro, poder manter o espaço aberto».

Toda a explicação surgiu depois de, no período de intervenção do público, um habitante da União de Freguesias de Arrimal e Mendiga, onde decorria a sessão, ter afirmado que o direito à Saúde está consagrado na Constituição Portuguesa e que não está a ser cumprido para aquelas populações. Jorge Vala adiantou ainda que foi enviada uma carta às entidades responsáveis para «apresentar a disponibilidade do Município de Porto de Mós, na cedência temporária de uma pessoa, do quadro de pessoal do Município, com qualificações para desempenhar as funções de assistente administrativa». «Têm que nos dizer que não aceitam a nossa disponibilidade, não têm razão para não aceitar, com toda a honestidade. Da mesma forma, não conseguimos compreender como é que o Centro de Saúde de Mira de Aire tem dois tarefeiros, que estão a ser pagos à hora pelo SNS para dar cobertura a um ficheiro e o ACESPL não consegue fazer deslocar um deles para a extensão de Arrimal ou para a da Mendiga», disse o autarca.

Depois de o presidente da Junta do Alqueidão da Serra, Filipe Batista, ter exposto a situação da sua freguesia, concluiu a sua intervenção dizendo: «Estamos muito atrás num serviço que faz parte da Constituição. Se não lutarmos um bocadinho mais pela Saúde, não sei…», sublinhou. O presidente da Câmara avançou que executivo camarário, presidentes de Junta e associação UrGente, terão de «fazer uma reunião urgentemente, no sentido de ver quais as ações que devem avançar».

“Chegámos ao caos completo”

Também a presidente da Assembleia Municipal, Clarisse Louro, não quis deixar de se pronunciar sobre o tema. «[Quero] Dizer-vos, do fundo do meu coração, que é uma das situações que mais me incomoda. Sou uma pessoa ligada à Saúde, [fui-o] durante toda a minha vida, e [custa] chegar hoje aqui, na qualidade de presidente desta Assembleia Municipal, eleita por vocês, sem que consigamos, em conjunto, resolver esta situação que considero dramática», começou por referir. «A finalidade, a missão do SNS», continuou, «é a de concretizar a garantia expressa na Constituição da prestação de cuidados de saúde de forma geral, universal e tendencialmente gratuita a toda a população. Esta garantia não está a ser cumprida, penalizando sempre os mais desfavorecidos, porque os outros têm onde recorrer», afirmou Clarisse Louro. A presidente da AM disse ainda que «o SNS está hoje absolutamente descapitalizado, cheio de dívidas, equipamentos obsoletos, profissionais desmotivados a saírem para o setor privado ou para o estrangeiro, o que agravará ainda mais todos os problemas derivados da falta da resposta às situações da população». A finalizar, a autarca deixou um desabafo: «Chegámos ao caos completo».

Foto | Catarina Correia Martins

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas: Portugal 19€, Europa 34€, Resto do Mundo 39€

Primeira Página

Publicidade

Este espaço pode ser seu.
Publicidade 300px*600px
Half-Page

Em Destaque