As elites de Porto de Mós durante a I República dão origem a tese de doutoramento

10 Outubro 2024

O Portomosense

As elites e o poder local em Porto de Mós (1898-1926) é o título da dissertação de doutoramento defendida no dia 26 de setembro, na Sala dos Atos do Palácio Ceia da Universidade Aberta, por Maria Adozinda da Luz Fonseca da Cruz Carvalho, professora do Agrupamento de Escolas de Porto de Mós. Trata-se da primeira dissertação de doutoramento em História concluída sobre Porto de Mós, dedicada a um período especialmente importante na história contemporânea do concelho, marcado pelas convulsões que antecederam à Revolução Republicana (1910) e ao golpe de estado de 1926. A elevada qualidade do trabalho valeu à nova doutora a nota de “aprovada com distinção”.

Nas mais de duas centenas de páginas, Maria Adozinda Carvalho começou por apresentar uma breve resenha histórica sobre o concelho de Porto de Mós, para analisar seguidamente os grupos dirigentes em cada uma das freguesias. Seguiu-se a observação cuidada dos indivíduos que ocuparam cargos na Câmara Municipal, entre o final da Monarquia e a Primeira República, que incluiu um olhar atento sobre a evolução dos cargos dirigentes da Misericórdia local. Na última parte da dissertação, a autora observa o comportamento de algumas famílias que souberam conservar no poder, destacando os Abreus, os Calados, os Carvalhos, os Crespos, os Gorjões, os Poças e os Trigueiros.

No tom exigente que caracteriza este tipo de provas, os dois arguentes principais (Sérgio Campos de Matos, da Universidade de Lisboa, e Laurinda Abreu, da Universidade de Évora), destacaram a qualidade da investigação que sustenta este estudo, marcada pela análise sistemática de um vasto conjunto de fontes documentais, que inclui as atas da Misericórdia e da Câmara Municipal, os jornais da época e vária legislação nacional deste período.

A discussão do trabalho prosseguiu com a intervenção de Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara, da Universidade Aberta, que relevou a perseverança manifestada por Maria Adozinda Carvalho perante as adversidades que soube enfrentar, e que incluíram a perda precoce da sua primeira orientadora científica, a dificuldade para aceder a alguns arquivos e, ainda, o período de pandemia. A intervenção final coube ao vice-reitor da Universidade Aberta, José das Candeias Montes Sales, que regozijou com o facto daquela instituição poder acolher profissionais de diversas áreas, que pretendem avançar com estudos de especialização.

Maria Adozinda Carvalho afirmou repetidamente a sua intenção de prosseguir com a investigação sobre a história do concelho, movida pela sua ligação pessoal e afetiva ao território onde é docente. Esperam-se, por isso, muitos contributos futuros da nova doutorada.

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