Sete casas assaltadas em apenas três meses. Tem sido esta a realidade com a qual têm vivido os moradores de São Bento, a maior freguesia do concelho de Porto de Mós em termos de área, mas uma das menores no que à densidade populacional diz respeito – 751 habitantes, de acordo com os Censos 2021 -, o que faz com que praticamente todas as caras sejam conhecidas e a criminalidade tradicionalmente mais baixa. Contudo, a tendência parece estar a inverter-se. Com os furtos a residências a aumentar, aumenta também a desconfiança no seio da população, embora o presidente da Junta, Luís Ferraria, descarte que haja, para já, «motivos para falar numa onda de assaltos».
Segundo o autarca, esta situação já não é propriamente nova. Desde o início de setembro que se têm registado vários furtos em habitações nesta região, o que levou, inclusivamente, a que a Junta publicasse nas redes sociais uma mensagem com um aglomerado de medidas preventivas. O último assalto, recorda, «teve lugar ainda na semana passada [cerca de duas semanas atrás], mesmo no centro da freguesia», e o modus operandi parece fácil de explicar: «Creio que os assaltantes estão a vigiar as pessoas, porque eles parecem saber o tempo que os moradores estão fora das respetivas habitações. Assim que saem de casa, eles assaltam, reviram a casa toda… E todos os sete assaltos que me têm sido comunicados, ainda que de forma indireta e nunca pelas próprias vítimas, têm ocorrido em plena luz do dia», garante ainda Luís Ferraria, que se escusa a apontar qualquer tipo de suspeitas.
Preocupado com o acréscimo de assaltos em São Bento, mas rejeitando um clima de medo e de insegurança, o presidente assume que, por sua própria iniciativa, tem tentado detetar comportamentos anormais: «Quando tenho tempo, percorro as ruas e os lugares da freguesia e, quando vejo algo estranho, tento sempre perceber o que se está a passar, mas muitas das vezes não há como saber», lamenta. Ainda assim, Ferraria deixa um apelo aos seus fregueses: «Caso vejam carros ou pessoas potencialmente suspeitas, seja onde for, alertem a GNR ou a Junta de Freguesia».
Município, autarquias e autoridades unem esforços
Tal como Luís Ferraria, também o presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, assume que «a situação está identificada» e considera que a mesma «não deixa de ser preocupante». Contudo, o líder do executivo fez saber ao nosso jornal que está agendada para a próxima segunda-feira, dia 13 de novembro, uma reunião entre o Município, as demais autarquias e também a Guarda Nacional Republicana (GNR), «onde será debatido este tema». Este encontro, frisa, foi solicitado pelo Comando Territorial de Leiria da GNR na sequência de informações recolhidas pelo Comando de Porto de Mós.
Sobre um suposto clima de insegurança no concelho, Jorge Vala diz que assaltos como estes começam a existir «com alguma frequência, o que vai contrariando a normalidade da segurança no nosso concelho e no nosso território». Ao citar o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, cuja preocupação recentemente manifestada é que «a segurança do concelho de Leiria seja posta em causa», Jorge Vala vai mais longe: «A grande preocupação é que a segurança de cada um dos nossos concelhos, que também é o caso de Porto de Mós, seja posta em causa. Felizmente a região de Leiria tem sido uma região bastante pacífica, sem grandes casos e sem grande criminalidade. Se pudermos continuar assim, tanto melhor. Estamos atentos e a compatibilizar ações com as autoridades, mas deixemos a GNR atuar», rematou.
Foto | Luís Vieira Cruz