A Casa da Cultura de Mira de Aire acolheu no dia 12 de março a homenagem às mulheres do concelho promovida pela Assembleia Municipal (AM) de Porto de Mós, no âmbito do Dia Internacional da Mulher. Este ano, as mulheres alvo de reconhecimento foram as professoras, neste caso, 29 profissionais naturais ou residentes nas 10 freguesias, de vários graus de ensino, de diferentes idades, aposentadas ou ainda no ativo. A escolha foi feita pelos presidentes de Junta.
A gala começou com um momento musical com Bruno Baptista que voltaria a palco mais vezes durante a sessão, seguindo-se as intervenções políticas. A presidente da AM, Clarisse Louro, classificou as mulheres professoras como «profissionais da difícil e decisiva profissão de ensinar, de transmitir conhecimento e de formar os homens e as mulheres de amanhã. Mulheres de uma profissão maioritariamente exercida por mulheres, que sustenta sobre os ombros a trave-mestra do desenvolvimento da nossa sociedade». Assim, esta é «uma homenagem de agradecimento pelo empenho, resiliência, e competência com que educam as nossas gerações», considerando a autarca que «nenhum outro profissional tem um papel tão imprescindível para mudar o mundo, porque tem a possibilidade de despertar sonhos, influenciar comportamentos, dar conhecimento».
Para Sandra de Sousa, deputada municipal não inscrita, «ser professor nos dias de hoje é viver uma vida dedicada a uma missão quase impossível». «Neste vasto conjunto de constrangimentos, figuram aspetos tão diversos como a história individual, a inserção social, as propriedades estruturais das condições de emprego, o contexto sociopolítico ou o controlo e avaliação pelos inspetores e diretores, as pressões da opinião pública, dos pais e dos próprios alunos».
Rita Cerejo, do PS, recordou que «a tão falada emancipação da mulher iniciou-se com a sua entrada no mundo do trabalho e uma das primeiras profissões que coube às mulheres foi a de professora». «Muito para além da sua vertente de pedagogas, as professoras são cuidadoras, acompanham com a sua sensibilidade, e muitas vezes com o seu lado maternal, o crescimento e desenvolvimento das nossas crianças e jovens», afirmou. «Senhoras professoras, presto-vos a minha homenagem pelo papel tão importante que desempenharam e desempenham enquanto educadoras, cuidadoras e agentes de mudança na nossa comunidade», disse.
No entender de Olga Silvestre, do PSD, as agora homenageadas «são atrizes principais que dão brilho e cor ao palco da vida» e, pegando num poema de Matias Rodrigues, destacou o papel do professor na sociedade considerando que «a professora e o professor são a origem de toda e qualquer profissão» e que «pelos professores passam todo o progresso e grandeza cultural dum país e de um povo» e daí merecerem «o respeito, a gratidão e o reconhecimento».
Depois de um momento de poesia com Filipa Louro e sua filha, encerrou o ciclo de intervenções políticas o presidente da Câmara, Jorge Vala, que referiu que «este momento representa um voto de enorme apreço e solidariedade para com a luta que está a ser travada pelos professores». «Acreditamos que no centro das vossas prioridades estarão sempre os alunos, aceitem o nosso apoio e não desistam de lutar», desafiou. «Estamos igualmente a prestar a homenagem à mulher determinada que há em cada uma de vocês porque entregaram a vida a ensinar passando, na maioria dos casos, tudo o resto para um plano secundário», disse, frisando que «esta é uma tarefa hercúlea, tantas vezes posta em causa por uma sociedade onde cresce a ausência de valores, de princípios e até de civismo».
Professoras moldam as gerações futuras
Subiu ao palco Aida Moreira da Silva, docente do ensino superior e investigadora, natural de Porto de Mós, convidada para uma breve reflexão sobre o papel da mulher professora. Dirigindo-se às homenageadas fez eco da gratidão dos presentes «por todo o trabalho árduo e dedicado» que estas fizeram nas suas vidas, ensinando «lições valiosas» e ajudando «a crescer como indivíduos». «Paciência, paixão, dedicação e criatividade» foram, no seu entender, as características que tornaram estas mulheres «grandes professoras». «Cada professora aqui presente é única e leva os seus próprios pontos fortes e competências para a sala de aula» e neste processo «foi possível que os seus alunos pudessem vir a ser ministros, deputados na Assembleia da República, representantes do poder local, médicos, juristas, engenheiros, empresários, jornalistas, músicos, pintores, canalizadores, cidadãos premiados ou com profissões que ainda estão a surgir… e professores!», realçou. Reforçando a ideia de que «o ensino é uma das profissões mais importantes do mundo, moldando as mentes das gerações futuras e lançando as bases para um futuro melhor», destacou que «as professoras ajudam a incutir valores como empatia, responsabilidade e pensamento crítico nos seus alunos», competências que «são essenciais para o sucesso». Filha de professora, também alvo de homenagem nessa tarde, Aida Moreira da Silva aproveitou para lhe agradecer o exemplo deixando claro que foi com ela e não no ensino superior que aprendeu a ser professora.
Não sendo possível homenagear, em presença, todas mas, apenas, as 29 indicadas, foram chamados ao palco o presidente do Agrupamento de Escolas de Porto de Mós, Pedro Gil Vala, a diretora pedagógica do Instituto Educativo do Juncal, Tânia Galeão, e a coordenadora do Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta, de Porto de Mós, Séfora Silva, representando nestes todas as professoras do concelho.
Pedro Gil Vala dirigiu uma palavra especial para as professoras do Agrupamento, confessando «enorme satisfação e orgulho» por, em seu nome, «tomar parte nesta, mais do que merecida, necessária homenagem, porque para falarmos de Educação temos de falar do trabalho das professoras, das mulheres, que todos os dias dão o melhor de si nas 22 escolas e jardins de infância do Agrupamento», disse. Tânia Galeão destacou «a importância das mulheres na Educação e, em especial, das professoras que dedicam as suas vidas a ensinar e a formar novas gerações, um trabalho fundamental para atingirmos o que tanto pretendemos: uma sociedade efetivamente mais justa e igualitária». Por último, Séfora Silva afirmou que «ao homenagearmos as professoras estamos a evocar o seu trabalho passado que deu frutos num presente, que somos todos nós, mas também estamos a relembrar que sem educação e sem o trabalho das professoras, não somos cidadãos de pleno direito. Só sabendo os nossos direitos é que podemos exigir mais e melhor para o futuro».
A cerimónia terminou com a entrega de um diploma, de um livro e de uma rosa a cada uma das professoras.
Fotos | Isidro Bento