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Associação de São Jorge leva bens essenciais à Guiné-Bissau pela quinta vez

30 Julho 2020
Jéssica Silva

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Jéssica Silva

30 Jul, 2020

Não fosse a pandemia e cerca de 67 voluntários teriam rumado ao continente africano, no passado dia 23 de abril, com o intuito de cumprirem a missão Guiné 2020. «A viagem de uma vida», como descreve Nuno Rebocho, um dos mentores da iniciativa, que acabou por ser adiada para 4 de outubro. Nesse dia, o grupo prevê sair do Castelo de Pombal rumo à Guiné-Bissau, «imbuído do objetivo claríssimo de cumprir a missão com sucesso», ou seja, colmatar algumas das carências que o povo da Guiné tem, através da distribuição de bens necessários.

Se tudo correr como previsto, esta será a quinta vez que o projeto Trilhos de uma África Negra, desenvolvido pela Associação Serviço e Socorro Voluntário de São Jorge (ASSVSJ), irá marcar presença em território guineense. No entanto, o presidente da ASSVSJ, Nuno Rebocho, não se mostra muito otimista quanto à concretização da missão: «Parece-me que o pico da pandemia na Guiné vai coincidir com o fim do verão daqui. Acho que não estarão reunidas as condições de segurança para podermos desenvolver a missão nessa altura», ressalvando que caso não consigam ir, e estando dependentes das épocas das chuvas, só poderão voltar em abril.

Durante nove dias, os voluntários distribuídos por 28 viaturas, percorrerão «cinco mil quilómetros», numa viagem «dura, desgastante», repleta de peripécias, perigosidades, sacrifícios e que «leva o corpo praticamente à exaustão física». Apesar de Nuno Rebocho reconhecer que a própria segurança é um elemento fundamental, também admite que muitas vezes a vontade de cumprir o objetivo «é tão grande» que chegam a «negligenciar a sua segurança em detrimento disso». Depois de chegarem à Guiné, terão que fazer mais mil quilómetros pelo território, na «distribuição de bens» às ONGs, numa tarefa que demora seis dias. «Nós não entregamos diretamente à população, para que as coisas sejam devidamente otimizadas», justifica. O regresso a Portugal é, depois, feito de avião apenas com a «roupa que levam no corpo» porque as viaturas ficam lá.

Desta vez, a prioridade definida foi o leite em pó. Além disso, vão levar materiais hospitalares e escolares. Apesar de afirmar que em abril já tinham as «viaturas completamente lotadas», Nuno Rebocho explica que estão a continuar a aceitar donativos que depois serão enviados através de contentores.

Sabendo da qualidade dos solos agrícolas, outra das preocupações é oferecer meios à população para que estes possam cultivar. «Nós não estamos só a dar as coisas, estamos a ajudar as pessoas a serem auto-suficientes. Acabamos por não dar o peixe, mas sim a cana e ensinar a pescar», sublinha.

Para Nuno Rebocho, um dos aspetos mais gratificantes destas missões é quando voltam no ano seguinte e «verificam em que condições estão a ser utilizadas as coisas que deixaram no ano anterior». Além disso, há momentos que ficam para sempre gravados na memória. «Houve uma vez que cheguei a Portugal e recebi um telefonema que me dizia: “Nuno, a ambulância que vocês cá deixaram acabou de salvar duas vidas”. E isso é algo que não dá para descrever e que nos marca para sempre», conta.

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