A saúde no concelho, nomeadamente a falta de médicos de família, tem sido um tema em destaque nos últimos anos. De forma a abordar os problemas recorrentes no acesso à saúde na área coberta pelo Centro de Saúde de Porto de Mós, a Ur’Gente – Associação de Utentes de Saúde de Porto de Mós, reuniu na segunda-feira, dia 5 de julho, com o ACES-PL – Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral, entidade que tutela as unidades de saúde da nossa região.
«Foi uma reunião que se mostrou produtiva, foram-nos apresentadas algumas novidades que estão planeadas para o Centro de Saúde de Porto de Mós», adianta ao nosso jornal Ana Margarida Amado, a presidente da Ur’Gente. Em Mira de Aire «estão colocados agora novos médicos», porque «abriram mais uma vaga para esta freguesia. Assim, o polo de Mira de Aire volta a ter o seu corpo clínico completo, «pelo menos nos próximos tempos», revela.
Quanto ao Alqueidão da Serra, a presidente confirma que a freguesia volta a ter uma enfermeira «em substituição da enfermeira que saiu para a Unidade de Saúde Familiar Novos Horizontes». Em relação a São Bento, cujos utentes passaram a ser atendidos em Serro Ventoso, a Ur’Gente esclarece que «reforçou o pedido para que um médico se deslocasse a São Bento uma ou duas vezes por semana». Relativamente à Mendiga-Arrimal, «apesar de existir uma médica ao serviço desta população», a direção foi informada que «o ACES está já a providenciar a substituição da médica num próximo concurso de colocação de médicos uma vez que a clínica terá mostrado vontade de sair quando terminar o contrato». Finalmente, em Porto de Mós, «o ACES irá colocar proximamente um lugar a concurso, em virtude de um médico se ir jubilar».
Mira de Aire, uma “porta giratória”
Passando em revista a situação de Mira de Aire e de Porto de Mós, Ana Margarida Amado frisa que «o que se tem visto é uma “porta giratória” de entrada e saída de médicos». Em Mira de Aire, «entram e saem a uma velocidade alucinante, abrem-se vagas, mas os médicos não ficam», lamenta. «A unidade de saúde de Porto de Mós tem dificuldade em fixar os médicos e nos últimos tempos, de facto, há um esvaziamento completo da unidade em termos do corpo clínico», alerta. Portanto, «foi agradável saber que o ACES tem isso em conta e que moveu ações no sentido de colmatar essas falhas», afirma.
“As condições em Porto de Mós devem ser mais atrativas”
Ana Margarida Amado sente que «muitas vezes, é o próprio funcionamento das unidades de saúde que fazem com que os médicos não se sintam realizados, satisfeitos». Como solução, a presidente garante que «o que há a fazer é tornar as condições em Porto de Mós mais atrativas», caso contrário, «se lhes forem oferecidas outras condições mais apelativas» noutras unidades de saúde, «logicamente fazem aquilo que qualquer pessoa faria, utilizam a mobilidade para mudar». A responsável compreende serem «legítimas as baixas médicas», mas alerta que «infelizmente, o direito constitucional à saúde por parte dos utentes muitas vezes é colocado à margem». «É para isso que temos que trabalhar todos em conjunto para se encontrar consensos para melhorar as condições», sublinha.
Isidro Bento | revisão