A Associação Serviço e Socorro Voluntário (ASSV) de São Jorge assinala, este ano, 35 anos de existência, «uma data importante», nas palavras do atual presidente da instituição, Nuno Rebocho, que, em jeito de reflexão, deseja que daqui para a frente a associação «consiga progredir da forma como tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos e que continue a ajudar, sobretudo, aqueles que mais necessitam». Depois de três anos a assinalar a data de uma forma «mais comedida», devido à pandemia, desta vez o aniversário foi festejado com “pompa e circunstância”, nas instalações da associação, nos dias 21 e 22 de janeiro, evento onde além de uma missa em memória dos sócios e fundadores falecidos, houve música, apresentação de uma peça de teatro e animação.
À comemoração de datas “redondas” está quase sempre subjacente um balanço e desta vez não foi exceção. Fazendo uma viagem pelo tempo, Nuno Rebocho enaltece o trabalho feito pelos sócios fundadores da ASSV São Jorge, os que «tiveram a coragem de criar uma instituição para servir a população, com o socorro à população através das ambulâncias». «Ao longo dos anos foi crescendo, foi evoluindo e hoje pode-se dizer que é um caso de sucesso, pelo seu crescimento, organização, infraestruturas, sobretudo pelas pessoas que apoiam e pela ajuda que tem levado além-fronteiras», recorda, fazendo alusão ao processo de resgate, liderado pela associação, que há um ano permitiu trazer «quase 300 pessoas» da Ucrânia.
Ao longo deste tempo, a associação teve que enfrentar o grande desafio da pandemia, o que implicou estar “na linha da frente”, sem nunca cessar atividade, um período que Nuno Rebocho descreve como «muito exigente» e que ficou marcado por um momento trágico. «Perdemos um colaborador com COVID-19 e foi uma altura muito triste para a instituição. Morreu-nos logo no início. Foi talvez a primeira baixa do concelho de Porto de Mós, em termos de mortes», recorda.
Associação transporta “entre 800 a 1000 utentes por mês”
Apesar de ter várias valências, a que mais identifica a ASSV São Jorge é provavelmente o transporte de doentes em ambulância, um serviço cuja área de atuação abrange «todo o território dos distritos de Leiria e Coimbra», embora também já o façam «para todo o continente». Já chegaram a transportar «1 200 utentes» por mês. Hoje em dia, o número não é tão grande, situa-se «entre os 800 e os 1 000». «Com a pandemia, alterou-se um pouco a orgânica das coisas», justifica. Há cerca de 10 anos, a Associação criou um novo serviço: o Gabinete de Apoio à Família e Comunidade, onde «se presta apoio a famílias com maiores dificuldades, que precisam de alguma assistência aos seus filhos» e que hoje apoia «cerca de 150 pessoas, em permanência».
Para além destes, existe mais um projeto que Nuno Rebocho espera que se concretize no futuro: a construção de uma creche em São Jorge, num terreno adquirido pela associação «há alguns anos». «É uma obra muito especial. Temos neste momento o projeto para ser aprovado na Câmara Municipal de Porto de Mós. Esperamos que a aprovação saia o mais rapidamente possível», afirma. «Será certamente um marco, face ao seu design, à sua arquitetura. É um projeto inovador do ponto de vista arquitetónico», acrescenta.
Esta nova infraestrutura vem, no entender do presidente da ASSV São Jorge, colmatar as necessidades da população, na freguesia do concelho que mais tem crescido nos últimos anos, a Calvaria de Cima, sobretudo em termos de lugares disponíveis para creche que, lembra, são sempre «muito reduzidos ou escassos». «A freguesia tem tido um crescimento significativo e as infraestruturas nem sempre acompanham esse mesmo crescimento», alerta. Embora se mostre confiante com a aprovação do projeto, o presidente da ASSV São Jorge está ciente de que a «maior dificuldade» virá a seguir, quando forem necessários os meios financeiros para a execução da obra.