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Autarcas querem continuar a luta por mais médicos

29 Junho 2023
Isidro Bento

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Isidro Bento

29 Jun, 2023

Situação da UCSP de Porto de Mós voltou a ser tema na Assembleia Municipal

O “défice de atendimento e de cuidados médicos” na área de influência da Unidade de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) de Porto de Mós poderá já ter sido a causa de alguma morte. A hipótese foi levantada na última sessão da Assembleia Municipal (AM) pelo presidente da Junta de Freguesia de Mira de Aire, Alcides Oliveira. O autarca aproveitou para colocar o tema da falta de médicos em cima da mesa e essa foi a dúvida que deixou. «É óbvio que todas as pessoas precisam de atendimento médico e, quem sabe, se não estão pessoas a morrer quer na freguesia de Mira de Aire, quer nas outras, por défice de atendimento em termos de saúde», disse o autarca, afirmando ainda que «era bom que tal não acontecesse em pleno século XXI mas, se calhar, é o que pode vir a acontecer».

Mais perentório, o presidente da Junta do Alqueidão da Serra, Filipe Baptista, disse achar que o seu colega de Mira de Aire «tem razão». «Ele estava a ponderar se alguém teria morrido mas eu atrevo-me a dizer que sim porque as pessoas estão com muito défice de atendimento e de cuidados de saúde, muito mesmo quando comparado com há 10 ou 15 anos», frisou.

Pelo meio, Alcides Oliveira lamentou que o concelho «quanto à questão dos médicos ande a duas velocidades. Uma, bem resolvida, a velocidade de cruzeiro, e a outra nem por isso» e disse receber com frequência na Junta relatos de utentes dando conta do défice de atendimento, situação que julga comum às restantes freguesias. Assim, e «independentemente dos caminhos que estão a ser projetados para tentar regularizar a situação, urge que este tema não seja esquecido por parte de todas as pessoas que interferem na resolução do mesmo», defendeu.

Idêntico desafio foi lançado por Filipe Baptista que, «gorada a expectativa de que ficasse algum médico nas cinco vagas e meia» [no último concurso médico], quis saber o que vai ser feito a seguir e o que é que os eleitos locais podem fazer porque «a ideia é não deixar cair no esquecimento este assunto». O autarca quis também saber se o Município já teria sido convidado a pronunciar-se sobre a proposta de constituição de uma segunda USF «ou se tem algum prazo de quando é que isso poderá acontecer».

“Temos de fazer mais, muito mais”

Interveio ainda o deputado municipal do PSD, Félix dos Reis, também ele pedindo que o assunto não fique esquecido, isto depois de ter relatado como é que viu a participação da Ur´Gente, a associação de utentes da UCSP, no protesto nacional de luta por um melhor Serviço Nacional de Saúde, realizado a 3 de junho, em Lisboa, no qual participou «enquanto cidadão sem médico de família, sócio da associação e deputado municipal».

O eleito local, natural e residente no Alqueidão da Serra, agradeceu «aos 36 corajosos que participaram», alguns deles «com 80 anos e mais» e que, por o autocarro não se poder aproximar da Assembleia da República, tiveram de percorrer vários quilómetros a pé, terminando, contudo, o dia com «a satisfação do dever cumprido».

Concluída a jornada, Félix dos Reis defendeu que «temos de fazer mais, muito mais» e que «não é só falarmos e indignarmo-nos» e não escondeu a tristeza por sentir «que as pessoas se acomodaram e se sentem vencidas». Deixou claro, ainda, o desapontamento «com algumas pessoas por não estarem presentes, principalmente das freguesias onde a falta de médico é tão grave como no Alqueidão ou de outras que a curto prazo podem vir a sentir o mesmo».

«Estou certo que para a próxima seremos muitos mais porque estou convencido que temos de fazer mais, muito mais, para termos mais médicos e melhor saúde» afirmou. Félix dos Reis disse que podem contar consigo para lutar por esta causa «esteja no governo o PS ou o PSD» e que se estivesse agora o seu partido as bandeiras deste tê-lo-iam acompanhado a Lisboa mas que assim preferiu não correr «o risco de ser acusado de politiquice». Contudo, garantiu: [Se o problema da falta de médicos ainda se mantiver], da próxima vez que formos governo, as minhas bandeiras e a minha carrinha também vão comigo».

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