Volvidos 637 anos da Batalha de Aljubarrota, o Campo Militar de São Jorge voltou a receber as celebrações de aniversário da vitória portuguesa, no passado domingo, dia 14. À semelhança de anos anteriores, a efeméride foi assinalada com uma cerimónia militar, junto ao monumento a D. Nuno Álvares Pereira.
As comemorações iniciaram-se com a tradicional missa campal, celebrada pelo tenente Paulo Marques. O capelão do exército fez questão de enaltecer a santidade de D. Nuno Álvares Pereira e de aludir às questões diplomáticas internacionais, recordando a batalha que é o «mistério de países que precisam uns dos outros» e «que [os portugueses] também venceram aquilo que eram, aqui, os nossos vizinhos».
À missa, sucedeu-se a cerimónia de homenagem aos mortos em combate na Batalha de Aljubarrota, onde foram lembrados os portugueses que «mesmo com o sacrifício da própria vida lutaram pela independência nacional». Depois, foi a vez do presidente da Fundação Batalha de Aljubarrota, Alexandre Patrício Gouveia, da presidente da Assembleia Municipal de Porto de Mós, Clarisse Louro, e do diretor da Direção de História e Cultura Militar, Major-General Aníbal Alves Flambó, depositarem coroas de flores junto à imagem de D. Nuno Álvares Pereira, também conhecido como Santo Condestável, momento ao qual se seguiu um minuto de silêncio e uma pequena prece por parte do tenente Paulo Marques, antes do respetivo toque de alvorada, «um hino de esperança e fé na convicção de que o esforço e sacrifício dos nossos camaradas não foram em vão».
A cerimónia ficou também marcada pela alocução histórica do Coronel de Infantaria Comando, na reforma, Américo José Guimarães Henriques, onde aproveitou para reforçar a ideia que «não há possibilidade de Portugal resistir a qualquer ação militar que lhe seja feita pelo inimigo comum, e pediu «honestamente, às pessoas ligadas à política, que interiormente pensem nisso». Em declarações a O Portomosense, o Coronel, à semelhança do tenente Paulo Marques, aludiu à situação internacional, referindo que se a Rússia «trouxer as suas esquadras (…) para o Atlântico» o exército não está em condições de defender os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
Na cerimónia militar esteve ainda presente uma guarda de honra, constituída por uma força de escalão secção do Regimento de Artilharia n.º 4 e por um terno de clarins, da Fanfarra do Exército.
CIBA celebra data com programa especial
Além da cerimónia militar, o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) também preparou uma oferta especial para celebrar a data. As visitas guiadas ao antigo campo militar foram gratuitas, para gáudio dos visitantes. A família Marques, albicastrenses radicados em Lisboa, não veio de propósito para as celebrações, mas, explica Franco Marques, tentaram «ao domingo, porque às vezes há coisas familiares gratuitas, e calhou» verem «as comemorações». Da visita deixam alguns elogios ao trabalho do CIBA, principalmente porque «ter este acompanhamento da visita guiada é essencial», considerou Sara Marques, referindo ainda que «vale mesmo a pena vir e aproveitar este bocadinho com as crianças».
Até porque foi para as crianças que o Serviço Educativo do CIBA preparou grande parte das atividades, como a exibição de um filme, um jogo da macaca medieval ou a pintura do mural de homenagem a D. Nuno Álvares Pereira, para que «ela (a escultura) hoje não fosse cinzenta e fosse colorida», disse a coordenadora do serviço, Bárbara Cardoso. Outra das iniciativas foi a colocação de uma placa vertical de sinalização, onde se pode ler a distância, a pé, como se viajava nos tempos de D. João I, de diferentes pontos de Portugal. «No fundo nós queremos que as pessoas deixem também aqui hoje a sua marca, de onde é que vêm e quanto tempo, em dias, é que demorariam a caminhar até chegar aqui, à comemoração dos 637 anos da Batalha de Aljubarrota», explicou a coordenadora.