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Batida aos javalis na Mendiga cumpre expectativas dos caçadores

9 Fevereiro 2023
Rita Santos Batista

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Rita Santos Batista

9 Fev, 2023

Dois meses de preparação para umas horas de caça e o resultado, esse, é inesperado e nem sempre espelha o trabalho dos caçadores e de todos os envolvidos numa montaria. No caso da última batida aos javalis, que aconteceu na Mendiga no passado sábado, dia 28, espelhou, ou nas palavras do vice-presidente do Sendiga – Clube de Caçadores de Serro Ventoso, Mendiga e Arrimal, Fábio Venâncio, conseguiu ir «ao encontro das expectativas». O «suor» e o «trabalho» que se coloca num dia, é compensado com o convívio e com «os resultados que estavam à vista», contava o vice-presidente, ao mesmo tempo que ia apontando para os javalis abatidos. Contavam-se 11 porcos mortos, resultado de um trabalho que envolveu 84 caçadores e cinco matilhas, com aproximadamente 25 cães cada uma. Estas batidas são «importantes», dizia Fábio Venâncio, «principalmente para os agricultores», que veem muito das suas culturas destruídas pelos javalis, mas também para «evitar acidentes rodoviários» provocados por estes animais, que acabam por «causar perigo à população», realçou.

Processo até à batida preparado ao pormenor

Antes da batida, organizada pelo Sendiga, os caçadores reuniram-se no salão da Associação Recreativa Cultural e Desportiva (ARCD) da Mendiga para distribuir trabalho e para tomar um pequeno-almoço reforçado, antes de seguirem para a tarefa desafiante que os esperava. Horácio Venda, um dos membros da direção e fundador do clube, explicou em declarações a O Portomosense, que tudo era preparado ao pormenor, com os devidos «seguros e licenças» para que a montaria pudesse ser realizada. As posições de cada profissional da caça são «definidas por sorteio» e designam-se por «portas», quase como se de um jogo se tratasse. No território previamente determinado para aquela batida, a chamada «mancha», como explicava Horácio Venda, «posicionam-se os caçadores e só depois entram as matilhas». Depois de soltos os cães «começam a aparecer os “bichos” [javalis], que se vão deslocando para as portas e vão sendo abatidos».

O fundador do clube, que diz sentir «gosto pela caça», mostrou-se satisfeito com mais uma batida, atividade na qual costuma participar e diz, inclusive, já «ter aprendido muito com os outros e com a experiência das montarias» a que já foi. Depois da caça propriamente dita, o resultado da batida, que se realizou no «Cabeço da Marinha» (entre a Mendiga e a Marinha de Baixo), foi levado para junto da ARCD Mendiga, para posteriormente se prosseguir com o leilão. Mas antes, houve ainda um almoço- convívio no mesmo local, onde, de manhã tinha sido servido o pequeno-almoço.

Também em conversa com O Portomosense, dois dos matilheiros presentes na montaria, David Henriques e Rui Cunha, da Matilha do Beato, de Casais de Baixo (na freguesia de Porto de Mós), e da Matilha Seleção Nacional, de Alpiarça (no distrito de Santarém), respetivamente, destacaram a «boa organização» da batida, que decorreu sem nenhum inconveniente.

Qualidade dos animais testada

Os javalis aguardavam ainda a “visita” do veterinário, que vinha averiguar a qualidade da carne; só depois deste passo concluído com sucesso se poderia dar o passo seguinte: a venda do animal em leilão. O veterinário Hugo Caldeira foi o responsável pela tarefa de abrir o porco e verificar a sua saúde. Em conversa com O Portomosense, o clínico disse, depois de analisar um a um, «estar tudo em condições», no entanto referiu também «que um dos animais tinha tido uma pneumonia, e por isso estava com pior aspeto». Ainda assim, o leilão podia prosseguir, sem constrangimentos, frisou o veterinário.

Saúde avaliada, seguiu-se para a parte final do dia da montaria. Não demorou muito, até a caça (uma média de 500 quilos de carne) estar toda vendida, sendo que o maior javali foi comprado por 80 euros. «Como também não cobramos dinheiro aos associados pela montaria, esta é uma forma de ficarmos com o dinheiro para as despesas», frisou Filipe Amado, um dos membros da organização.

Fábio Venâncio explicou ainda que esta foi uma batida interna, para os sócios e que janeiro foi o mês escolhido por ser uma altura mais disponível para os caçadores e, não só, «é também possível juntar mais porcos». Para Fábio Venâncio estes são sempre eventos especiais para os associados pelo «convívio» e pelo desfecho, neste caso, «muito positivo», reforçou.

Fotos | Rita Santos Batista

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