Biológico não é sinónimo de saudável

14 Agosto 2023

Rita Santos Batista

Na hora de comprar um alimento, nem sempre o produto biológico será a melhor opção. Na explicação de Ana Feteiro, nutricionista das Pedreiras, o produto deve ser olhado como um todo, porque «biológico não é sinónimo de saudável». «Existem alimentos biológicos com muito açúcar e gordura saturada e que, por isso, não são nada saudáveis, como os enchidos e os bolos biológicos», exemplifica.

Um produto biológico é consequência de uma «produção sustentável, com menos químicos». No entanto, estes «podem existir, só que em menor quantidade» do que aqueles encontrados num produto convencional», explica a especialista, que considera, ainda assim, os alimentos biológicos mais benéficos para a saúde quando analisados no seu todo. «Primeiro perceber se é um alimento saudável ou não e depois se ele for biológico tanto melhor», reforça. A especialista recorda ainda que em Portugal os produtos “bio” têm de ser identificados como tal, através de um rótulo de certificação biológica.

Quando comparados aos produtos convencionais, os alimentos “bio” não apresentam diferenças ao nível dos nutrientes, fibras, proteínas e valor energético: «É possível que os alimentos biológicos, por não serem tão processados na sua produção, possam ser mais ricos de alguma forma. Contudo, não há grande evidência que nos mostre que realmente tem mais deste nutriente ou mais daquele», aponta. A «única diferença» está realmente na «quantidade de químicos», admite.

Para verificar a saudabilidade do produto alimentar, Ana Feteiro recomenda que se faça uma leitura da tabela nutricional que vem na embalagem para perceber se é ou não um bom alimento, através, por exemplo, da quantidade de açúcares, gorduras saturadas e do sal. Nos açúcares adicionados, a nutricionista refere que, por «100 gramas, o alimento não deverá exceder as cinco gramas». As «fibras e a proteína deverão existir em maior quantidade» e «depois se for biológico melhor», esclarece. Em suma, um produto biológico é vantajoso para o nosso organismo quando todos os outros parâmetros mencionados anteriormente são tidos em conta.

Alimentos “bio” são mais caros do que os convencionais

Por não serem usados tantos químicos na produção biológica, esta acaba por ficar mais cara do que a convencional, tendo os alimentos “bio” um preço mais elevado. «A grande maioria dos alimentos biológicos custa pelo menos 50% mais do que os convencionais», segundo a DECO Proteste. A quantidade de alimentos fica, no entanto, comprometida, uma vez que existe menos controlo sobre as doenças, tanto em plantas como em animais, o que resulta em culturas menos intensivas. De acordo com a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a produção biológica pretende essencialmente «estabelecer um sistema de gestão agrícola sustentável, respeitar os sistemas e ciclos da natureza e manter e reforçar a saúde dos solos, a água, as plantas e os animais e o equilíbrio entre eles».

A produção de forma convencional, mais barata e menos demorada é, por outro lado, considerada a menos ecológica e com mais impactos negativos para o ambiente, uma vez que utiliza métodos que esgotam os recursos e a biodiversidade, contribuindo ainda para a maior emissão de gases com efeito de estufa, alerta a associação ambientalista ZERO.

Foto | DR

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