À semelhança dos últimos anos, também neste a Black Friday não se cingiu à última sexta-feira de novembro [como mandava a tradição original]. A “sexta-feira negra” onde imperam grandes descontos decorreu em 20 estabelecimentos comerciais aderentes do concelho, entre os dias 27 e 29 de novembro. Além de Porto de Mós, a iniciativa promovida pela ACILIS – Associação de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo da Região de Leiria realizou-se nos concelhos de Batalha e Leiria.
Do lado da ACILIS, esta iniciativa representa «uma oportunidade» para os clientes «comprarem produtos em promoção no comércio local, aliada ao objetivo dos comerciantes aumentarem as vendas e conquistarem novos clientes». Mas fomos tentar perceber se essa também é a perceção dos lojistas que decidiram aderir. Às primeiras horas da manhã do primeiro dia da Black Friday, o sentimento era, sobretudo, de apreensão e de fracas expectativas sobre o sucesso da mesma.
Após três dias, em que as palavras que mais dominavam foram “black”, “friday”, “promoção” e “descontos”, fomos perceber se, efetivamente, a apreensão que se sentia se confirmou com baixa adesão ou se, por outro lado, os comerciantes foram surpreendidos pela positiva. Em jeito de balanço, Maria Alice Cruz, proprietária há quase 32 anos da Mali – Retrosaria e Lingerie, no centro da vila de Porto de Mós, diz que correu «mais ou menos» e refere que as vendas foram em tudo idênticas às do ano anterior. «Não foi espetacular. Tive algumas clientes mas andava muito pouca gente. Na quarta-feira ainda estive aqui até às 20h30 mas fechei porque estava com receio que alguém passasse e me entrasse pela porta adentro, porque os comerciantes foram-se todos embora, estava completamente sozinha», desabafa.
A mesma opinião é partilhada por Maria do Carmo, proprietária da Palmo & Meio, uma loja de roupa e calçado, uns poucos metros à frente, já na Avenida Sá Carneiro. «A maior parte dos lojistas chega-se às 20 horas e vai-se embora. Dizem que não vale a pena mas todos juntos valia. Devia haver mais união», defende. Embora admita que as suas expectativas eram «baixas», Maria do Carmo reconhece que correu «um bocadinho melhor do que aquilo que pensava». «Não me vou queixar mas não correu tão bem como ano passado», garante, acrescentando que hoje em dia existe muita «contenção», com as pessoas a não optarem por investir «em coisas caras».
Isabel Oliveira, responsável pela Optimais – Óptica Médica, situada na Avenida de Santo António, considera que «a Black Friday em Porto de Mós é sempre uma coisa com pouco impacto» e defende que a organização desta iniciativa «devia de ser trabalhada de uma forma mais atrativa» no comércio local. Isabel Oliveira acredita que o facto de a vila estar próxima de cidades leva a que as pessoas «prefiram ir para os grandes centros, onde há mais variedade de ofertas». Ainda assim, revela que «houve algumas pessoas a anteciparem as compras de Natal»: «Houve algumas pessoas interessadas mas, de facto, é sempre, digamos, uma Black Friday pequenina como a vila».
Foto | Jéssica Silva