A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mira de Aire completou, no passado dia 4, 40 anos desde a sua fundação. O presidente da associação, António Rocha, falou com O Portomosense a propósito da data, destacando que este corpo de bombeiros é «uma mais-valia», não só para as terras que abrange, mas também para o concelho. «Existem mais duas associações de bombeiros no concelho, esta é a mais distante e, por isso, dá resposta a outras terras, Mira de Aire, São Bento e Alvados», frisa. Em quatro décadas de história, as dificuldades ultrapassadas já foram muitas e o cenário atual é, também ele, de desafio: «A parte monetária e a falta de voluntariado» são as maiores dificuldades, destaca. A falta de dinheiro de que sofre esta e, acredita, «quase todas as associações de bombeiros» tem impacto não só nos recursos humanos, como na frota à disposição. «Temos carros com muitos anos, agora até pretendemos adquirir uma ambulância de socorro porque a que temos já ultrapassou o fim de vida, estamos já a fazer peditórios para ver se a conseguimos comprar», adianta António Rocha.
Quanto ao número de elementos do corpo de bombeiros, fica também aquém do que o presidente gostaria de ter. «Nesta altura temos 40 bombeiros no total, tanto voluntários como profissionais, se tivéssemos mais 20 ou 30 já era bem bom», refere. A corporação já chegou a ter «80 bombeiros», número que agora é difícil de manter. «Não podemos pagar aquilo que eles merecem e isso afasta as pessoas, que vão para outras profissões e para a profissão de bombeiro não pode vir qualquer um, mas qualquer bombeiro pode ir para outra profissão», sublinha, acreditando que para ser bombeiro é necessária vocação.
Quanto à população, tem demonstrado «sempre muito carinho» pela associação. «As pessoas entendem as nossas dificuldades e quando é necessário, como por exemplo nos incêndios do verão, vêm trazer alimentos e águas de que nós precisamos», exemplifica. Apesar disso, António Rocha reconhece que o país atravessa «uma fase muito complicada para todos» e que, agora, a ajuda, sobretudo monetária, pode não ser no número que desejam e precisam para colmatar algumas fragilidades.
O que falta, defende, «é apoio estatal», lembrando que com o aumento dos combustíveis, as dificuldades estão a acentuar-se muito rápido. «Não tenho dúvidas que isto vai colocar algumas associações em risco, porque vejo isso pela associação que estou a presidir», alerta. António Rocha explica que, no caso dos combustíveis, o Estado assegura «um apoio de um terço, ou nem isso» e o restante fica a cargo das associações. «São preços muito elevados, é muito difícil», conclui.
Foto | Isidro Bento