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Cabeleireiros e esteticistas: uma profissão de contacto a trabalhar com novas condições

19 Maio 2020
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

19 Mai, 2020

Os salões de cabeleireiro e estética foram um dos primeiros setores com autorização para reabrir após o término do Estado de Emergência. Porém, dos setores reabertos, são talvez dos que implicam maior contacto com os clientes, nomeadamente com as zonas de contágio, como são as mãos e o rosto.

Sofia Neto, cabeleireira e esteticista, garante que, da sua parte, «as medidas que estão a ser tomadas são as que o Governo exigiu e bem»: «Tenho duas pessoas, no máximo, dentro do salão, disponibilizo um kit esterilizado para cada cliente, não deixo ninguém entrar com nada de fora, nem luvas, nem máscara, para evitar ao máximo o contágio. Tudo é feito por marcação e guardo o tempo necessário para cada cliente», exemplifica. Além disso, Sofia Neto considera que «está tudo a ser feito com as devidas precauções» também porque «as pessoas têm tido o respeito que o próprio Governo impôs». Por exemplo, «já perceberam que não podemos atender mais do que cinco ou seis pessoas por dia e todos os clientes têm estado muito recetivos nesse sentido. As pessoas não se importam de esperar, se não conseguirem vaga para hoje, fica para a próxima semana», revela.

O regresso não foi, no entanto, como esperava. «Não sinto uma enchente de pessoas a marcar, mas por um lado acho melhor assim, porque se está a trabalhar, calmamente, atendendo as pessoas com o devido tempo que é necessário e de forma controlada», afirma. Na sua opinião, «as pessoas estão ainda cautelosas» e «à espera do feedback após a reabertura, de saber como sobe ou desce o número de pessoas contaminadas». «Estão com muito receio, mas o facto de sentirem que eu disponibilizo tudo [o que é necessário para a proteção] dentro do salão, faz com que se sintam seguras, e isso é um facto muito importante para o cliente e para quem está a trabalhar», adianta.

Tânia Gomes, proprietária de um estabelecimento similar, por sua vez, diz ver «alguns clientes receosos, mas outros estão como se nada fosse». Também Tânia Gomes diz estar «a fazer o que mandaram», como «trabalhar por marcação, não ter ninguém à espera ou se o estiverem, fazem-no na rua» e, na sua opinião, «está a correr bem». «As pessoas queriam vir», afirma. Entre cada cliente, a cabeleireira e esteticista pára meia hora para fazer «a desinfeção do espaço, das bancadas e do material». «Penso que na parte de estética, a proteção é ainda mais importante, porque estamos ainda mais em contacto com a cliente», afirma, no entanto refere que não há nenhum serviço que tenha deixado de fazer, ressalvando é claro, todas as medidas preventivas.

Carina Jorge tem um centro de estética, e avança que ainda antes de conhecer as medidas impostas pelo Governo, tinha já feito «algumas remodelações no espaço» por considerar que da forma «como estava a trabalhar não tinha as devidas distâncias para as clientes se sentirem seguras». Depois, após a reabertura tomou todas as medidas obrigatórias: «Trabalho por marcação, não tenho sala de espera, tenho sprays desinfetantes, esterilizo os materiais de cada cliente, e desinfeto os espaços por onde passam, desde a casa de banho aos gabinetes», afirma. Além disso, acrescenta que «assim que a cliente se levanta» tudo é esterilizado para «deixar o espaço pronto para a próxima cliente».

A (não) previsão da retoma

Nesta reabertura, Carina Jorge refere que as suas clientes «voltaram quase todas» com «exceção de uma ou outra que não marcou para já mas sim para o próximo mês, visto que a sua empresa se encontra em lay-off ou que estão em casa com os filhos e têm que dar auxílio no estudo». Depois de cerca de um mês e meio com as portas do estabelecimento fechadas (assim como as restantes profissionais na área), Carina Jorge pensa que «a retoma tem que ser a longo prazo» e, por isso, garante não ter feito «alterações nas tabelas de preços, independentemente de ter que fornecer descartáveis aos clientes». A decisão foi tomada com base na situação atual vivida por todos: «Estamos todos a remar na mesma maré e não está fácil para ninguém. Todos levámos um rombo na carteira e então tomei essa decisão. Se eu aumentasse muito, só tinha a cliente por uma vez, no próximo mês, provavelmente ela iria pensar se voltava ou não, uma vez que estamos todos numa situação delicada», explica. Carina Jorge sabe que alguns dos seus clientes «vão ficar sem trabalho» e que isso «não vai ser fácil». «Os portugueses vão ter que ir à luta mais uma vez», realça.

Também Tânia Gomes vê a retoma «um bocado complicada» e, da sua parte, aponta que a solução é «trabalhar o máximo» que puder. No caso de Sofia Neto, é a incerteza que sobressai: «Neste momento é tudo imprevisível. Espero poder recuperar o mês, mas não sei dizer se é possível», afirma. As três profissionais são a representação de tantas outras espalhadas pelas várias freguesias do concelho. Dentro das suas possibilidades e cumprindo as normas estabelecidas pelo Governo, o principal foco é continuar a trabalhar, mantendo a segurança de clientes e funcionários.

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