Desde meados deste mês que uma barrica de 220 litros, cheia de cacau, está no interior das Grutas de Mira de Aire. Depois do vinho em estágio, chegou agora a vez de um novo produto maturar no interior de uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. O cacau dará, daqui a um ano, origem a, apenas, 100 tabletes, numa edição limitada, de um chocolate produzido pela Companhia Portugueza do Chocolate.
A responsável pelo marketing da empresa leiriense, Catarina Gomes Teixeira, explica a O Portomosense que as Grutas oferecem «estabilidade das características ambientais», com «humidade e temperatura constantes», o que é «muito importante nesta maturação lenta do cacau»: «Os aromas vão sendo libertados de forma constante e isto vai dar, ao longo de um ano, características muito interessantes ao chocolate que for feito com aquele cacau», refere. A barrica provém de uma empresa de Vinho do Porto e teve, durante mais de 50 anos, um vinho a maturar no seu interior. «Pode-se imaginar o aroma e as características que, na madeira, estão preservadas e que vão transmitir ao cacau um aroma mais português, mais intenso e único», explica Catarina Gomes Teixeira. Mas porquê uma barrica de Vinho do Porto? «O cacau não é uma matéria portuguesa ou europeia, é uma matéria-prima exclusiva de países da linha do equador, por isso, tentámos dar-lhe algum sabor português», responde. Durante um ano, todas as semanas, a barrica que está colocada no final da zona de visitação, a 80 metros de profundidade, vai ser mexida «para que o cacau não sedimente e não fique estagnado».
Quanto ao chocolate posteriormente produzido, a responsável pelo marketing revela que «uma parte das tabletes» estão já pré-reservadas e que, quanto às restantes, há a possibilidade de serem vendidas na loja das Grutas. Para o futuro, a empresa tem intenção de repetir o estágio do cacau no subsolo de Mira de Aire, noutras «barricas, com outros aromas distintos e diferentes, mas também portugueses».
Parcerias atraem novos públicos
O presidente do Conselho de Administração das Grutas de Mira de Aire, Carlos Alberto Jorge, atribui a esta parceria uma «grande importância»: «Todas estas iniciativas [primeiro os cogumelos, depois o vinho e agora o cacau], para nós, são muito importantes porque vão buscar um outro tipo de público. Aguça-se-lhes o apetite quando dizemos que podem fazer, por exemplo, uma prova de vinhos no interior das Grutas», explica.
Carlos Alberto Jorge refere ainda que os vinhos Ermelinda de Freitas, que estiveram a maturar nas Grutas, vão ser apresentados no próximo dia 31 de maio, tendo sido já retirada uma remessa e colocada nova a estagiar. Estes vinhos serão vendidos na loja das Grutas e o presidente do Conselho de Administração deixa o desejo de que também o chocolate possa ter esse fim.