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Cães causam prejuízos a moradores de São Bento

4 Junho 2021
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

4 Jun, 2021

Nas últimas semanas, chegaram à nossa redação vários relatos de ataques de cães, sobretudo a gado, na freguesia de São Bento. As ovelhas têm sido as maiores vítimas e ninguém sabe identificar, exatamente, de que cães se tratam, assim como a sua proveniência.

O rebanho de Cesaltina Jorge foi atacado na noite de 7 para 8 de maio. Muito perto de sua casa, em Penedos Belos, seis ovelhas foram mordidas e sofreram ferimentos graves, sendo que três delas poderão ter mesmo a sua vida ameaçada, segundo nos explicou a proprietária: «Tenho três que, coitadinhas, não sei o que vai ser delas, andam a levar injeções… Andam aos pulos, não conseguem andar sobre as mãos da frente. Na parte de baixo da mão, estavam a deitar pus. Curo-as todos os dias antes de ir trabalhar», conta.

Cesaltina Jorge lembra que, naquela manhã de sábado, se levantou por volta das 7h30 e viu sangue na estrada. No entanto, não deu logo importância, «pensava que tinham atropelado algum cão». No entanto, quando depois voltou a prestar atenção, reparou que «o sangue era muito» e deu conta que «o portão das ovelhas» estava no chão. Quando chegou perto dos seus animais, percebeu que lhe faltava meia dúzia, que foi encontrar, espantados, em vários locais diferentes. A sua primeira reação foi ir ver os cães da vizinhança para procurar algum que tivesse sangue, mas em nenhum encontrou. Por isso, afirma que não faz ideia que cães atacaram o seu rebanho. «A minha vizinha diz que ouviu cães pequenos a ladrar durante a noite, eram cinco e tal da manhã. Como eu tinha tomado um comprimido para dormir, não ouvi nada», relata. Na mesma noite, segundo conta a O Portomosense, numa casa perto da sua, outro rebanho foi também atacado, registando-se igualmente seis ovelhas mordidas.

«Sou castigada quase todos os anos», refere Cesaltina Jorge, indicando que estes ataques são frequentes: «Já é a terceira ou quarta vez, no ano passado não aconteceu…», indica. O prejuízo, esse, é grande e acompanhado de tristeza: «Uma pessoa faz pelas coisas… Estava para matar três no final do mês e já não posso. Agora não podem ser mortas por andarem a levar injeções. E aquelas três estão muito mal, abro-lhes o portão e vêm de rastos, comem deitadas, é triste…», conclui.

Um carro “maltratado”

Em Telhados Grandes, o prejuízo de Albertina Duarte foi outro e será, segundo a sua estimativa, de «umas centenas de euros». «Um dia de manhã, quando me levantei, dei de caras com o meu carro todo riscado, arranhado e roído e várias coisas que tinha no pátio, almofadas e pequenas coisas de plástico da minha filha, todas roídas e completamente destruídas», revela. Tal como Cesaltina Jorge, afirma não poder «indicar que cães foram», já que apenas viu «pelo, baba do cão em cima do carro, patadas de cão…». «Até veio cá um vizinho caçador dar-me uma opinião, ele também diz que seria um cão, em princípio castanho [tendo em conta o pelo]», refere.

Os estragos aconteceram na mesma semana em que os rebanhos em Penedos Belos foram atacados e Albertina Duarte adianta que fez queixa na GNR. «Disseram-me que ficava o registo feito, tiraram fotografias, mas que como eu não tinha visto o cão, não podiam chamar ninguém à responsabilidade. Eu disse que compreendia, mas queria que ficasse registado, até para o conhecimento se outros casos acontecessem», conta. Da GNR não teve nenhuma informação de haver registos de outros casos semelhantes, mas diz ter conhecimento de «cães que atacaram animais [na freguesia], por mais do que uma vez».

O Portomosense contactou o presidente de Junta, Tiago Rei, que se mostrou resignado com a situação. «Não é uma coisa que seja normal, mas tem vindo a acontecer todos os anos», começou por dizer, acrescentando que as suas ovelhas também já foram atacadas: «O que é que vamos fazer? Chegamos lá, estão mordidas, estão mortas, vamo-nos queixar a quem? O que é que nos vão fazer? Às vezes, liga-se para a GNR, mas como não vimos nada…», refere. O autarca esclareceu ainda que, por norma, «as pessoas tentam desenrascar-se sozinhas», não sendo a Junta procurada para ajudar a resolver a situação.

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