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“Caiu o mito das contas em Porto de Mós”

15 Julho 2020
Isidro Bento

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Isidro Bento

15 Jul, 2020

«Em Porto de Mós, e acerca de contas, caiu um mito». A frase é de Jorge Vala, o presidente da Câmara, e foi repetida mais do que uma vez na Assembleia Municipal aquando da aprovação das contas do Município referentes ao ano de 2019.

«Há dois anos era o caos, vinha aí a tragédia porque o dinheiro era todo gasto em festas e, afinal, não foi nem vai ser», sublinhou o autarca passando em revista alguns números comparando-os com os do último mandato do anterior executivo PS.

«Se compararmos 2017 com 2019 concluímos que poupámos 195 mil euros em fornecimentos e serviços externos. Transferimos mais 223 mil euros para bombeiros, associações e juntas de freguesia, e com o descongelamento das carreiras e aumento dos trabalhadores gastámos mais 564 mil euros em recursos humanos. Estes 564 mil euros são idênticos ao valor total do aumento da despesa corrente de 2017 para 2019, portanto acho que se deve concluir que em termos de gestão de despesa corrente caiu um mito em Porto de Mós», sublinhou o autarca. Jorge Vala apresentou uma série de outros números e indicadores que, segundo ele, são bem demonstrativos de uma gestão cuidada, realçando, entre estes, «a menor dívida dos últimos 20 anos», tendo a Câmara conseguido amortizar «nos anos 2018 e 2019 praticamente o mesmo que amortizou em 2014, 2015, 2016 e 2017».

Apesar de bastante satisfeito com os resultados apresentados, o autarca assumiu, contudo, que o investimento não esteve em linha de conta com o que tinha planeado», atribuindo as “culpas” às condições meteorológicas que obrigaram a parar várias obras, tendo havido no mesmo período vários concursos a que nenhuma empresa concorreu. Vala, espera agora, em 2021, voltar ao plano inicial e por isso o valor do saldo de gerência será alocado a essas obras que ficaram por fazer. No total, a Câmara conta investir 14 milhões de euros em obras.

Na discussão deste ponto, António Pires, do PSD, pegou noutro rol de dados e, de forma irónica, questionou o presidente sobre, «afinal, que festas são estas» já que todos os números ou indicadores que enumerou apontavam para um desempenho idêntico ou, na maior parte das vezes, melhor, que o do exercício de 2017, concluindo, por isso, o deputado, que «o executivo fez as festas mas não aumentou as despesas correntes».

Da parte da oposição, o mais crítico foi David Salgueiro, do PS. O deputado defendeu que «a fraca taxa de execução não se deve só a obras que não foram feitas mas a muitas outras coisas que não foram executadas» recordando, no caso das obras, que «todos sabemos mais ou menos os meses em que chove e aqueles em que deixa de chover, portanto é um tipo de planeamento que devia ser feito».

«O Partido Socialista reconhece que, de facto, as contas estão muito boas, até boas de mais para aquilo que se poderia ter executado durante quase três anos de mandato», afirmou irónico, acrescentando que «é uma desilusão anunciada quando damos a volta pelo concelho e mais do que as obras não vemos uma estratégia abrangente. Doze anos à espera para entrarem a liderar os destinos do concelho e nem sei se já se conseguiu capitalizar alguma coisa na aposta no turismo».

David Salgueiro frisou que falta «uma estratégia global e abrangente», especialmente agora «com o desemprego a subir de forma significativa» e numa conjuntura que «não augura nada de bom a nível nacional e local para os próximos mes.

Feita a votação, as contas foram aprovadas por maioria, com a abstenção de elementos do PS e
AJSIM.

Votos de louvor e de pesar

Na mesma sessão, PSD e PS apresentaram votos de louvor (que se vieram a fundir, por proposta de António Pires, num único dado serem muito idênticos entre si, e ao qual se associou o AJSIM para com os profissionais de saúde, bombeiros, forças de segurança, autarcas, profissionais privados e públicos que asseguram as necessidades básicas, funcionários das IPSS, das coletividades e das autarquias e empresários, pela forma como têm enfrentado a pandemia por COVID-19.

Por proposta do PSD foi ainda aprovado, por unanimidade, um voto de pesar, e guardado um minuto de silêncio, pelo falecimento do almirante Vieira Matias. No texto onde se manifesta «o mais profundo pesar e consternação» pelo desaparecimento deste «portomosense notável» são também recordados alguns dos pontos principais do seu vasto currículo como militar e académico. Após a aprovação fez-se ouvir uma salva de palmas na sala.

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