Depois de longos anos de negociações com a Segurança Social e com a Autoridade Tributária, a Câmara de Porto de Mós vai poder adquirir os imóveis que correspondem ao antigo campo de futebol da empresa Fiandeira Mirense, em Mira de Aire.
A “devolução” aos mirenses de um espaço que lhes diz muito, é ambição antiga da população local. Agora, com a aquisição do velho campo será dado o primeiro passo nesse sentido.
A Câmara que já tinha conseguido chegar a acordo com a Autoridade Tributária relativamente ao terreno na sua posse, recebeu no inicio deste mês um e-mail do conselho diretivo do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social com a informação de que «foi feito um processo com proposta favorável de alienação de dois imóveis localizados na Rua 5 de Outubro». Assim, aquela entidade «aceita vender um dos imóveis por 17 580 euros e o outro por 95 000 euros», revelou o presidente da Câmara, Jorge Vala, na última reunião do executivo camarário.
O processo foi remetido ao secretário de Estado, que já o terá despachado favoravelmente. Como a Câmara tem em orçamento o valor necessário, a intenção é avançar o mais rapidamente possível com a aquisição. «Se não pudermos fazer a escritura ainda este ano, faremos logo no início do outro mas, finalmente, temos um documento escrito a dizer que por 105 570 euros o campo da Fiandeira é nosso», afirmou o autarca.
Os primeiros contactos para a aquisição do espaço arrancaram com João Salgueiro enquanto presidente de Câmara, prosseguindo depois com Jorge Vala. A demora nas negociações terá tido, essencialmente, a ver com a divergência relativamente aos valores a pagar e que durante muito tempo foram considerados incomportáveis por parte dos responsáveis autárquicos.
Indo ao encontro daquilo que tem sido pedido pela população local, o antigo campo deverá dar lugar a um espaço de lazer para usufruto dos mirenses e de quem visita Mira de Aire, tendo em 2019 sido apresentado um estudo prévio do mesmo.
Confirmada a disponibilidade da Segurança Social para alienação do imóvel pelo valor aceite pela Câmara, esta quer avançar agora para uma nova negociação, desta vez com vista à aquisição do edifício da Fiandeira Mirense adiantou o presidente da Câmara. «O objetivo, como era nosso compromisso, é instalar ali um espaço de co-work e, eventualmente, transformar uma parte da fábrica em habitação», explicou.
Um campo no coração dos mirenses
O campo da Fiandeira começou a ser construído em 1944 e a mão de obra saiu da própria fábrica. Foram os funcionários masculinos que ergueram o campo. A empresa cedeu, ainda, grande parte dos terrenos e suportou os custos. Concluída a obra, a União Recreativa Mirense passou a jogar ali e em 1958 o campo viveu o momento mais marcante ao acolher um jogo entre o Benfica e o Sporting na passagem dos 25 anos de Mira de Aire enquanto vila.
Em 1989, a vila inaugurou o novo estádio e o campo da Fiandeira perdeu muita da sua importância. Anos mais tarde, por dívidas da empresa à Segurança Social e ao Fisco passou para a posse do Estado. Apesar deste final sem grande brilho nem por um minuto deixou de estar no coração dos mirenses que esperam agora que venha a ganhar uma nova vida para orgulho e benefício de todos.
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