Câmara procura nova solução para a falta de médicos

10 Outubro 2024

Isidro Bento

A equipa que está à frente dos destinos da Câmara de Porto de Mós continua à procura de uma solução para o problema da falta de médicos numa parte significativa do concelho. O presidente daquele órgão, Jorge Vala, reconheceu na última sessão da Assembleia Municipal que se trata de «uma questão que preocupa a todos» e que se tem revelado de muito difícil resolução. Depois de todas as soluções preconizadas terem sistematicamente falhado ou revelarem gritantes lacunas, o responsável autárquico deixa claro que são cada vez mais escassas as opções. O projeto Bata Branca numa parceria com a Unidade Local de Saúde e uma instituição particular de solidariedade social local (IPPS), poderá ser uma delas, mas Jorge Vala mostra-se interessado, para já, em tentar ver a viabilidade de uma outra que anunciou mas não identificou.

«O Bata Branca, que trabalha essencialmente com médicos reformados ou sem especialidade, está desde o início em cima da mesa mas precisamos de acordo da Unidade Local de Saúde de Leiria (ULS) e esta disse-nos que garantia médicos a partir da USF. Além disso há outra questão fundamental [para conseguir implementar o projeto]: Temos que encontrar uma IPSS que sirva de “barriga de aluguer”, e não é fácil», explicou.

Posto de parte, para já, esse projeto, Jorge Vala disse que vai com a sua equipa «à procura de outra solução, que responda mais ou menos como o Bata Branca, abrangendo as três freguesias mais problemáticas neste momento». Caso isso aconteça, o edil disse «esperar o apoio de todos» porque «é a última possibilidade» que há. A confirmar-se, Jorge Vala, conta apresentá-la aos deputados municipais na próxima sessão da AM, em finais de dezembro. 

A revelação foi feita na sequência das intervenções dos presidentes de Junta do Alqueidão da Serra e de Mira de Aire, respetivamente, Filipe Batista e Alcides Oliveira, que, mais uma vez, voltaram a falar do problema da falta de médicos, questionando o presidente da Câmara se o projeto Bata Branca não poderia ser uma boa solução.

Filipe Batista começou por dizer que «em termos de saúde, isto piorou. A USF era a solução dos nossos problemas e afinal já há médicos que não querem», numa alusão à médica que estava a trabalhar e que pediu transferência para uma das USF de Leiria.

Referindo-se à sua freguesia em concreto, confessou achar «muito estranho» que a senhora da limpeza continue a ir todos os dias ao posto médico do Alqueidão da Serra «quando este já está fechado desde o final de julho». Fazer o quê e paga por quem foram as perguntas que deixou no ar.

O autarca contou a seguir que numa conversa informal com o presidente da Câmara de Ourém, este lhe falou do projeto Bata Branca graças ao qual «conseguiu nove médicos que, apesar de não serem médicos de família, trabalham quatro horas por dia, o que dá para remediar a situação». Como o projeto é comparticipado pela ULS e envolve mais os médicos aposentados, Filipe Batista considera que até a nível económico este projeto «é bastante proveitoso» e sempre seria melhor que ter as unidades de saúde fechadas ou com uma clara falta de médicos.

A terminar, voltou a deixar claro que, por vezes, sente que está sozinho a lutar por uma causa que devia ser de todos. Aos restantes autarcas, nomeadamente aos seus colegas presidentes de Junta, mesmo àqueles «que já estão servidos», lançou o repto para que se envolvam de alguma forma porque há que «fazer alguma coisa», frisou.

Alcides Oliveira disse fazer suas as palavras de Filipe Batista e que daquilo que conhece do projeto Bata Branca lhe parece que «seria bom para as pessoas». «A gente fala, fala, mas eu tenho conhecimento que continuam a ir pessoas ao final da noite para o centro de saúde na expectativa de obterem uma consulta e se até agora o tempoi tem ajudado, o pior será quando chegar o outono mais agreste e o inverno», alertou em jeito de apelo a que se continue a busca por uma solução.

Foto | Freepik

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