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Carolina Carvalho é enfermeira veterinária

7 Abril 2020
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

7 Abr, 2020

Aos 25 anos, Carolina Carvalho já conta com três anos de experiência na área da veterinária. Os animais sempre foram presença assídua na sua vida, facilitado pelo facto de ter «crescido numa aldeia», na Bezerra, freguesia de Serro Ventoso. Apesar deste contacto permanente com animais, de pequeno a grande porte, lhe ser facilitado no seio familiar, Carolina tinha outro sonho: «Sempre quis ser bancária». Então quando é que tudo mudou? «Tudo mudou quando a minha, agora madrinha do crisma e a mãe dela, me deram uma cadelinha como presente. Foi aí que nasceu este fascínio de tratar dos animais, acompanhá-los e vê-los crescer», estava Carolina no 8.º ou 9.º ano de escolaridade.

A Kika, como se chamava a cadelinha que espoletou este amor faleceu há «cerca de um ano», sendo que agora existe a Kelly, dada pelas mesmas “culpadas”. São culpadas mas por um bom motivo, foi por elas que Carolina Carvalho encontrou a sua vocação e decidiu entrar no curso de enfermagem veterinária. A enfermagem estava nas primeiras três opções do formulário de candidatura ao ensino superior e foi logo na primeira opção que entrou. Tirou o curso na Escola Superior Agrária de Castelo Branco.

Da família recebeu uma aceitação imediata, devido à ligação que já tinham aos animais, mesmo tendo tirado o curso numa fase em que esta profissão «não existia há muitos anos» em Portugal. Carolina destaca que quando ingressou no ensino superior «não conhecia ninguém em Porto de Mós que tivesse o mesmo curso» e que atualmente a realidade já não é essa. Há hoje muito pessoas interessadas «em seguir esta área».

Diferenças entre medicina e enfermagem veterinária

Carolina Carvalho optou por enfermagem e não por medicina veterinária e clarifica quais as principais diferenças: «O médico veterinário prescreve a medicação, o enfermeiro veterinário é quem administra as medicações aos animais, quem é responsável pelo internamento, quem tira sangue para as análises. Depois há a questão das vacinas que são os médicos que dão e que estão autorizados a fazer e a assinar os boletins. Os enfermeiros fazem sob autorização do médico veterinário». Há consultas chamadas «consultas de enfermagem» em que basta apenas a presença do enfermeiro, como por exemplo «se um animal for ferido e vai à clínica para fazer o controlo do peso». O enfermeiro é também responsável por receber «os animais que vão para cirurgia, fazer a medicação pré-cirúrgica, monitorizar a anestesia quando o animal está a ser operado, pôr os cateteres» e acompanham «as consultas médicas». Apesar de reconhecer que ainda existe quem «tenha a mentalidade» que os enfermeiros «estão sempre na retaguarda dos médicos e que não têm autonomia», a profissional acredita que na maior parte dos casos «não é isso que se passa» e que há um verdadeiro trabalho de equipa.

A portomosense terminou o curso em dezembro de 2016 e começou a trabalhar logo em março de 2017, nas Caldas da Rainha. Atualmente trabalha mais perto de casa, em Alcobaça, numa «clínica» e está satisfeita com a escolha profissional que fez. Acredita que no seu percurso foi importante o contexto em que cresceu: «No curso tive que fazer alguns estágios, em que tive que lidar com animais de grande porte e ajudou a não ter tanto medo no primeiro impacto o facto de ter lidado com eles desde sempre», refere. Hoje trata «maioritariamente de cães e gatos». A parte mais complicada deste trabalho é lidar com a perda de animais que passaram pelo seu serviço, mas a experiência traz mais calma, frisa. «No início fazia mais confusão, quando passamos dias com um cão no internamento e depois sabemos que faleceu, é complicado. Mas temos que ter distanciamento, até porque é o nosso dia-a-dia, temos que aprender a lidar com a morte».

Estando inserida no meio sente que a sociedade está a mudar na forma como encara a prevenção. «Antigamente os clientes só levavam desparasitante para as pulgas e carraças quando o animal já as tinha, hoje levam antes, para prevenir. Há também mais pessoas a quererem vacinar os animais, além das vacinas obrigatórias», frisa. Este cuidado acontece também porque as leis obrigam uma maior responsabilização, na opinião da enfermeira: «O facto de agora ser obrigatório que todos os animais sejam microchipados faz que consigamos saber a que dono pertencem. Se o animal estiver perdido, nós contactamos as autoridades que contactam o dono. Antigamente não se sabia de quem era o animal e ninguém era responsabilizado». Apesar de todas estas leis serem recentes, Carolina Carvalho acredita que Portugal está a evoluir «devagarinho, mas bem».

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