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Casa dos Cantoneiros de “cara lavada” dá vida a profissão extinta

14 Julho 2021
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

14 Jul, 2021

Foi inaugurada no passado dia 29 de junho, dia de S. Pedro a requalificada Casa dos Cantoneiros, uma obra promovida pela Junta de Freguesia de Porto de Mós. Localizada na Ribeira de Cima, a casa tem agora bem visíveis, para quem pela estrada principal passar, os retratos feitos em calçada portuguesa de dois cantoneiros que utilizaram esta casa para guardar o material de trabalho: Manuel Morgado (já falecido) e Manuel Silva. Por dentro, a casa serve agora de museu onde estão um conjunto de peças e instrumentos de trabalho dos cantoneiros. Antes de descerrada a placa de inauguração pela mão do presidente de Junta, Manuel Barroso e do presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, o padre José Alves benzeu o espaço.

«Nos anos 1960, a família da dona Lúcia e do senhor Dionísio [esposa e filho de Manuel Morgado, um dos cantoneiros representados] ofereceram este espaço e esta casa à Junta de Freguesia de São João. Já se vinha a notar há alguns anos o abandono que este espaço estava a ter, o telhado estava a cair ao chão e em boa hora a Junta de Freguesia de Porto de Mós resolveu dar outra imagem a esta casa», explicou Manuel Barroso. Para «homenagear os cantoneiros» o presidente convidou o artista Rui Basílio para construir uma imagem «que recordasse o tempo passado». As famílias de ambos os cantoneiros retratados estiveram presentes nesta inauguração, assim como Manuel Silva, visivelmente satisfeito por ver preservada uma casa de onde partiu tantos dias para a labuta até aos anos 1990. O presidente de Junta agradeceu a presença das famílias, salientando a ajuda da família de Manuel Morgado «que apoiou em tudo o que fez falta».

O artista plástico e designer agradeceu a oportunidade de realizar «uma peça que liga uma profissão tradicional, já extinta infelizmente, por intermédio de arte contemporânea» e «com esta ligação fazer um trabalho com importância a nível regional, nacional» e, assim o deseja, «internacional». Já Humberto Lopes, engenheiro da Infraestruturas de Portugal (IP), salientou também a importância de «reconhecer a história de pessoas que vestiram a camisola pela empresa». Estes cantoneiros eram funcionários da Junta Autónoma de Estradas, antiga denominação da IP, que foi sofrendo renovações, mas há algo que ficou na memória: «O gosto pelo nosso cantão». «Daí a palavra cantoneiro, cada um ficava com um bocadinho de terra, um cantão, pelo qual era responsável por manter, com muito amor e dedicação», frisa.

O secretário-geral da Associação de Calçada Portuguesa, António Prôa, esteve também presente nesta inauguração, manifestando o gosto em se «associar em nome pessoal e associar a associação» a este iniciativa que «pretende salvaguardar uma arte tradicional e uma profissão tradicional», onde a calçada também é elemento-chave. O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala encerrou a cerimónia, felicitando «a Junta de Freguesia pela iniciativa que é o culminar de um projeto de reabilitação de um espaço que estava devoluto, mas sobretudo é uma homenagem justa, em vida, a Manuel Silva e a uma nobre profissão extinta». O facto desta homenagem evidenciar a calçada portuguesa, que «diz muito ao território de Porto de Mós», mereceu também destaque por parte do autarca: «Não podemos esquecê-la, até porque o Rui Basílio mostrou neste projeto de arte contemporânea o que é possível fazer com a dinâmica da calçada». «Esta beleza de espaço que aqui está eterniza dois homens que, de alguma forma, disseram muito no passado a este nosso concelho, e com certeza ficará para memória futura», concluiu.

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