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Castelo de Porto de Mós recriado por artista de Coimbra

18 Março 2021
Jéssica Silva

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Jéssica Silva

18 Mar, 2021

Foram precisas quase 300 horas para que Moura Távora conseguisse concluir a réplica, em pequena escala, do Castelo de Porto de Mós. A construção que começou no verão passado passou por um interregno e só foi dada como terminada já este ano, no final do mês janeiro. Para trás, ficaram várias idas ao terreno, uma grande dose de estudo intensivo e muitas dores de cabeça à mistura. O autor da obra é responsável pela construção de dezenas de peças em miniatura de espaços e monumentos emblemáticos da cidade de Coimbra, de onde é natural.

Há dois anos que estendeu a sua coleção aos castelos de Portugal, onde se inclui agora também o de Porto de Mós. Quando começou a recriação daquele que é visto como sendo o maior ícone do concelho, Moura Távora estava longe de imaginar que de todos os castelos que já recriou este seria o mais difícil de todos. «Em termos de estudo, o grau de dificuldade foi igual aos outros. Contudo, em termos de edificação, de implantação, de arquitetura da própria obra foi, sem dúvida, o mais complicado até hoje», admitiu em conversa com O Portomosense. A dificuldade na conceção, explica o artista, deveu-se essencialmente às características daquela obra arquitetónica: «Tem muitas arestas, e os torreões e os tetos são muito complicados, nem todo o material dá para fazer. Aí tiveram que ser outros materiais que não a terracota porque ao trabalhá-la, ela pura e simplesmente partia-se».

Entre «tijolinhos de seis milímetros em terracota», madeira para «fazer a estrutura toda», papel e pedra «para encher», o “pequeno” Castelo de Porto de Mós conta com «cerca de 13 400 peças». Com 65 anos, o artista conta que foi durante uma visita ao monumento que começou a pensar em recriá-lo por entender que se incorporaria «plenamente» na sua coleção. «Fui ao castelo e gostei de tal maneira que decidi construir. Além disso, há também um desafio pessoal pelo meio porque as meninas da Câmara que lá estavam ficaram um pouco na dúvida se realmente eu fazia e se seria capaz», recorda. Quase um ano depois de ter lançado a primeira pedra que deu início à obra, Moura Távora não podia estar mais satisfeito com a sua conclusão, considerando que o resultado final é «altamente positivo».

Atualmente é numa garagem que o Castelo de Porto de Mós juntamente com o de Coimbra, o de Guimarães e o de Pombal estão guardados «religiosamente». A estes hão-de juntar-se dentro de pouco tempo, o Castelo de Penela, quase terminado, e o de Montemor-o-Velho, o próximo a ser construído. Entretanto, o artista adianta que a Câmara Municipal já entrou em contacto consigo e, garante, «muito em breve» irá deslocar-se a Porto de Mós para «mostrar a obra», havendo a possibilidade de a deixar ficar logo em Porto de Mós: «Quem sabe? Vamos ver, vamos ter calma».

Uma paixão nascida de uma revolta

Moura Távora tinha cerca de 20 anos quando descobriu a paixão por recriar monumentos e espaços históricos. Conta que foi durante uma deslocação à baixa de Coimbra, depois de ter presenciado uma situação que o «revoltou muito» que sentiu que tinha de fazer alguma coisa para que situações idênticas não se repetissem. «Um português estava a explicar um monumento de Coimbra, todo mal explicado, a um grupo de turistas nipónicos. Aquilo revoltou-me de tal maneira que eu disse: “Vou mostrar Coimbra da melhor forma e de maneira que ninguém se engane, nem deturpe a história”», explica. E assim fez, até aos dias de hoje.

Aquilo que o conimbricense descreve como sendo «pura e simplesmente» um hobbie e também uma forma de «mostrar a história de Portugal» que, garante, «muita gente desconhece» já começa a ganhar outra dimensão. O artista prevê que as miniaturas que hoje estão arrecadadas no seu armazém pessoal não fiquem aí muito mais tempo. «Se tudo correr bem irão estar expostas, a partir de outubro, no Museu de Arte Popular Portuguesa, em Pombal, numa coleção própria sobre a temática dos castelos e a História de Portugal», adianta. Posteriormente, o seu objetivo é que cada um dos castelos fique «na sua terra», mas com a condição de que sejam «devidamente conservados». «Não são trabalhos de duas ou três horas. Têm valor, não só material mas de manufatura e depois também há o valor de estima que tenho pelas obras», justifica.

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