A vila de Porto de Mós tem desde o passado dia 6 de abril, um monumento mais acessível e inclusivo, dos únicos existentes em Portugal. Depois de quase nove meses encerrado para obras de requalificação, para que pudesse ser classificado como Monumento Nacional Acessível, um dos maiores ícones de Porto de Mós passou a ser transitável em 80% da sua extensão a invisuais e pessoas com mobilidade reduzida.
Quase cinco meses passados desde a sua reabertura, o castelo bateu, a 18 de agosto, o recorde de visitantes deste ano, ao receber um total de 338 pessoas num só dia, segundo disse Sónia Morgado, técnica do monumento, em declarações a O Portomosense.
De acordo com dados do Município, desde o passado dia 6 de abril, altura da cerimónia da reabertura oficial até ao passado dia 21 de agosto, o monumento recebeu 11 716 pessoas. Os portugueses estão no topo da lista de países (com o registo de 8 403 entradas), seguidos dos franceses (1 135) e os espanhóis (536). Apesar de não haver um número definitivo do número de turistas que decidiram visitar o castelo em agosto, uma vez que os dados recolhidos respeitam ao período até dia 21, desde a sua reabertura este foi o mês que mais visitantes recebeu num total de 3 833. Por oposição, o mês de maio foi a altura em que se verificou um menor número de visitas com o registo de apenas 1 429.
Já o ano passado e tendo em conta apenas o período entre abril e 15 julho, altura em que o castelo encerrou, o monumento recebeu um total de 4 617 visitantes. Se se comparar com o período homólogo de 2019, conclui-se que o número de visitas quase duplicou. Também em 2018, os portugueses foram quem visitou mais o monumento (3 245). Em segundo lugar apareciam os ingleses (511) e os franceses (444). Contrariamente ao que se verificou até ao momento, durante o ano de 2018, o mês de maio foi o que contou com mais afluência de pessoas ao monumento.
Depois de analisados os dados cedidos pelo Munícipio é possível concluir que depois da reabertura ao público, o castelo da Vila Forte tem verificado, durante todos os meses, um aumento significativo de turistas, comparando com o mesmo período de 2018.
O monumento tem recebido gente dos mais diversos locais: Alemanha, Brasil, Holanda, Itália, Rússia, assim como, de continentes mais longíquos como a Ásia.
Apresentação atual do castelo
De estilo gótico e renascentista, situado numa colina, não passa despercebido a quem percorra as imediações da Vila Forte. Com quatro torreões, dois dos quais que compõem a fachada principal e que são ornamentados por duas cúpulas piramidais, com acabamento de cerâmica verde, o castelo de Porto de Mós é considerado um monumento imponente que quase faz lembrar um pequeno palácio. Durante o período da conquista cristã, teve uma importância extrema. Atualmente, constitui-se como uma obra arquitetónica de características singulares de origem quatrocentista das mais relevantes, em Portugal.
Quem decida visitar o castelo por esta altura, irá deparar-se com um espaço cuidado em toda a área envolvente, havendo a possibilidade de estacionar muito perto da entrada e com direito a um pequeno miradouro que oferece uma visão privilegiada sobre a vila de Porto de Mós e localidades limítrofes.
Logo à entrada, é possível observar uma das transformações que as obras trouxeram: uma plataforma elevatória que possibilita a que pessoas com mobilidade reduzida possam aceder ao interior castelo sem que para isso tenham de subir os 10 degraus existentes.
Diante de uma porta com cerca de dois metros de altura, onde consta a informação sobre os horários e os preços de entrada, está-se agora a pouca distância do local onde se podem adquirir os bilhetes. Além da limpeza e do cuidado de manter o edifício apresentável, algo que salta imediatamente à vista é uma rampa que torna possível a continuidade da visita a pessoas com menor capacidade de mobilidade. Do lado direito, verifica-se a existência do Espaço Cão Guia onde está disponível um bebedouro para apoiar os cães que têm a tarefa de auxiliar pessoas invisuais. Além desta novidade, o monumento conta agora com a sinalética toda em Braille.
À esquerda encontra-se a receção do castelo, local onde se pode adquirir o bilhete, e que conta também com uma panóplia de lembranças, entre porta-chaves, ímans, livros, mealheiros e pequenos cântaros. É neste espaço que estão disponíveis dois livros sobre a história do castelo, um em escrita Braille e outro em SPC (Símbolos Pictográficos de Comunicação), ou seja, um sistema gráfico com imagens muito simples, acompanhadas de palavras que possibilita a que pessoas com necessidades educativas especiais possam compreender a visita da melhor forma.
É precisamente no piso térreo do castelo que existe também a entrada para uma plataforma elevatória, outra das novidades trazidas pelas obras de requalificação, que permite a transição de pessoas para o pátio superior, e assim, o acesso a todos os terraços existentes e alguns espaços interiores, como é o caso do acesso à torre.
No piso térreo existem também duas exposições: uma sobre cerâmica medieval encontrada no monumento e a outra, um registo fotográfico do período de campanhas de reconstrução e restauro do castelo entre os anos de 1936 e 1960.
Na zona superior do castelo, por dentro de uma das torres que o compõem está a exposição permanente D. Afonso, IV Conde de Ourém, vulto ilustre da história de Porto de Mós onde é feito um retrato exaustivo da vida do IV Conde de Ourém e também da Batalha de Aljubarrota. Desde a reabertura e até ao passado dia 16 de agosto esteve patente outra, neste caso temporária, sobre o Armamento da Batalha Real de Aljubarrota.
As obras tiveram um investimento de cerca de 250 mil euros, que contaram com fundos comunitários. O arquiteto responsável foi Domingos Santos Silva. Além da intervenção ao nível das acessibilidades procurou-se proceder a trabalhos de limpeza, consolidação do espaço, renovação do sistema elétrico, melhoria da eficiência energética e reparação de infiltrações.