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CC Santo António sente queda de público no comércio tradicional

8 Abril 2020
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

8 Abr, 2020

Quem, na sede de concelho, segue pela Avenida de Santo António em direção ao Cineteatro, ao cruzar com a Avenida Sá Carneiro, pode observar do seu lado direito, algumas lojas, nomeadamente uma sapataria que faz esquina e uma loja de roupa interior. Podem parecer-nos lojas isoladas, mas não são. Fazem ambas parte do Centro Comercial Santo António (CCSA) que tem ainda outros dois espaços, um deles ocupado por um escritório de contabilidade e o outro vazio há vários anos.

Luís Matias é um dos sócios-gerentes da empresa de contabilidade instalada naquele centro desde 1989, começando num outro espaço e tendo, no início dos anos 2000, mudado para a loja onde até hoje se mantêm, embora já tenham feito modificações estruturais. Luís Matias trabalha na empresa desde 2008 e diz notar que o movimento «caiu muito», apontando que «há vários fatores que levam a isso: [a redução do] poder de compra, a abertura de grandes centros comerciais que é um dos fatores principais para a queda». Sabe que, por serem uma empresa de serviços, não se podem comparar às empresas comerciais. «Não vendemos produtos e para vender serviços não é preciso publicitar tanto.

Consideramos por isso que esta loja é boa devido à sua centralidade em Porto de Mós», uma vez que «não precisamos de grandes montras, porque não temos produtos, basta uma porta de entrada em que as pessoas nos consigam ver», afirma. Por esta razão, considera também que a loja do lado, que apesar de ter montra para a Avenida Sá Carneiro, tem apenas entrada por dentro do CCSA, cuja porta é na Avenida de Santo António, «se fosse para serviços daria, mas o que tem vindo para lá, são sempre comércios» e, talvez por isso, «desde 2008, houve umas 10 tentativas de negócio e nenhuma pegou». «Tem a vitrine daquele lado, mas as pessoas às vezes nem sabem por onde se entra», reitera.
Apesar da diminuição do público e de ter aquela loja fechada, Luís Matias sublinha que a realidade do CCSA não se pode comparar com a do Centro Comercial Jardim, «ali ao lado»: «[Lá] nota-se mais porque para uma pessoa ter acesso àquelas lojas tem mesmo que entrar no centro comercial e as pessoas andam mais na rua. Em Porto de Mós toda a gente sabe que aquele centro comercial está em pleno declínio e uma pessoa só lá vai mesmo com algum intuito muito específico e não para passear», frisa.

“Não se pode comparar”

Anabela Ribeiro trabalha há cerca de 15 anos na sapataria, uma das lojas dianteiras do CCSA, e considera que naquele local, as lojas «funcionam de forma independente de não como um centro comercial». Há mais de 30 anos já havia trabalhado no comércio tradicional e diz que «nota-se uma diferença grande», a isso atribui fatores como as compras online e ao facto de «as pessoas mais jovens» preferirem ir aos centros comerciais maiores. Anabela Ribeiro afirma também que «quando abriu o primeiro Continente em Leiria, notou-se logo» uma diferença significativa no movimento no comércio tradicional em Porto de Mós. «Antigamente, no Natal, na Páscoa, as pessoas tinham que estrear, tinham que levar uma peça nova, fosse roupa, calçado, o que fosse. Hoje em dia não é assim. A pessoa compra quando precisa ou se passar, gostar e puder comprar, compra. Naquela altura era tradição», lembra. Outra das diferenças sente-se nos dias de feira na vila, à sexta-feira, por norma, o número de pessoas que se dirigem ao centro para ir ao mercado, aumenta, no entanto, a lojista refere que «agora, mesmo o próprio mercado está muito fraco e as pessoas não vêm. Os novos andam a trabalhar, os velhotes começam a não poder vir e o mercado acaba por ser, às vezes, um dia como os outros».

Quem refere também esta discrepância entre o antes e o agora é Maria Helena Vala, cabeleireira e proprietária de um negócio, agora instalado na Avenida de São Pedro, mas que, durante vários anos, trabalhou numa das lojas do CCSA. «O movimento não tem nada a ver, mas quando eu vim para Porto de Mós eram umas três cabeleireiras, agora são 10 ou mais, portanto não dá para ter o movimento que tinha antes. Cheguei a trabalhar das 7 horas às 2 da manhã, como não trabalhava por marcação, quando ia começar o trabalho, já tinha uma grande fila. Hoje não pode ser igual», constata. Foi para o CCSA aquando da sua abertura, há mais de 30 anos, e saiu de lá por motivos que nada tinham a ver com o espaço ou a localização, mas sim com a gestão do próprio negócio. Hoje, considera que o comércio «está parado» e que «não há grandes hipóteses de reavivar. E neste shopping em particular, como tem duas lojas como escritório, nunca pode avançar mais», conclui.

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