Sabia que, em Porto de Mós, já foram formados «cerca de 41 adultos desde 2017 pelo Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas da Batalha»? Esta oportunidade surge através dos processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), uma das ofertas promovidas pelos Centros Qualifica que estão espalhados por todo o país, com o objetivo de melhorar as qualificações dos adultos.
De acordo com a coordenadora do Centro Qualifica da Batalha, Cristina Graça, este é um serviço que vai ao encontro dos interessados. Em Porto de Mós, por exemplo, as “aulas” são dadas no quartel dos bombeiros, para que os alunos não tenham que se deslocar ao concelho vizinho.
«Uma pessoa só pode entrar neste processo com 24 anos ou mais ou com um mínimo de três anos de experiência profissional», esclarece a coordenadora, acrescentando que todo o processo é acompanhado por um técnico de Orientação, Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Cabe a este profissional fazer o encaminhamento do candidato para determinado grupo, de acordo com as qualificações e as competências que apresenta, explica. Cristina Graça avança que estes processos são ajustados a cada pessoa, ou seja existe «flexibilidade de horários para que as pessoas consigam conciliar a formação com a sua vida profissional e familiar», havendo ainda a possibilidade de as sessões serem dadas em regime presencial, online ou misto».
Para que a pessoa seja certificada, terá de ter «um mínimo de 50 horas de formação», que irá usar para «a construção de um portefólio, que integra as reflexões elaboradas ao longo das sessões» com a ajuda dos formadores, adianta. O tema do projeto, explica a coordenadora, «é escolhido pela pessoa» e trabalhado com base nos tópicos explorados nas sessões de formação, que se dividem em quatro áreas. Para quem procura uma certificação no ensino básico (4.º, 6.º e 9.º anos), as áreas são: «Cultura, Língua e Comunicação, Cidadania e Empregabilidade; Competências Digitais e Matemática, Ciências e Tecnologia». Já no que ao ensino secundário diz respeito (12.º ano): «Cultura, Língua e Comunicação; Sociedade, Tecnologia e Ciência; e Cidadania e Profissionalidade», referiu.
Nestes processos são valorizadas «as aprendizagens que as pessoas foram alcançando com a sua própria vida familiar, pessoal, profissional, as suas vivências e a sua ligação à comunidade», aprendizagens essas que irão ser «consolidadas, reconhecidas e valorizadas», reforça Cristina Graça. No final do processo é entregue a cada formando, consoante o nível que adquiriu, um certificado (4.º e 6.º anos) ou um certificado e diploma (9.º e 12.º anos), avança a coordenadora.
Para além de dinamizar os processos de RVCC escolar, este Centro faz ainda o encaminhamento com os formadores para soluções mais ajustadas para cada pessoa. «Neste momento temos cerca de 200 parcerias com escolas superiores, entidades formadoras, Municípios e outras escolas, o que nos permite encontrar soluções para toda a comunidade adulta», sublinha a coordenadora.
Desde 2017, «foram certificados, [neste Centro], pelo processo de RVCC, nos vários níveis, 235 pessoas e atualmente estão inscritos e a ser acompanhados 205 formandos», dados avançados por Cristina Graça, que admite estar confiante em relação ao número de inscritos para este ano, que diz já ser superior ao do ano passado.
Programa do Centro Qualifica apresentado em sessão de esclarecimento em Porto de Mós
Na próxima segunda-feira, dia 7 de novembro, haverá uma sessão de esclarecimento sobre o programa do Centro Qualifica, na Central das Artes, em Porto de Mós, e cujo as inscrições para assistir terminam hoje. A abertura da sessão, com início às 19 horas, será feita pelo presidente da Câmara, Jorge Vala. A coordenadora do Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas da Batalha, Cristina Graça, acredita que, desta forma, a mensagem «chegará mais facilmente à população», uma vez que existe uma grande parte que «desconhece as ofertas do Centro», reconhece. Para além da «divulgação, com esta sessão, pretende-se angariar novos formandos, encaminhando-os para soluções à sua medida», frisa.
Formandas mostram-se satisfeitas com experiência
Melhorar as qualificações da população, contribuindo para a valorização pessoal e profissional é um dos objetivos do Centro Qualifica. O Portomosense conversou com duas formandas. Anabela Ribeiro e Noémia Oliveira dizem estar «muito satisfeitas com a experiência» e pelos conhecimentos que adquiriram, e recomendam o processo, que consideram ter «efeitos muito positivos nas suas vidas». Noémia Oliveira, de Porto de Mós, formadora de cabeleireiro, decidiu fazer um processo de RVCC por se sentir, de alguma forma, «inferior em relação a algumas formandas com o 12º ano». Em aproximadamente sete meses, conseguiu a certificação e o diploma e avança ter conseguido «conciliar as sessões facilmente com a sua vida profissional e pessoal», por ter sido sempre «bastante apoiada pelos formadores». «Atualmente sinto-me muito mais liberta para entrar em formações na minha área, por me sentir mais segura e mais à vontade», admite. Além dos conhecimentos que apreendeu, considera que o processo lhe trouxe «muito a nível pessoal», sentindo-se agora «mais valorizada». «No trabalho, consigo estar mais segura, pelas competências que adquiri, passei a estar mais familiarizada com as redes sociais, o que foi uma mais-valia», admite a formadora, que apesar de já dominar, em parte, a sua área (terapia capilar), sentia que precisava de uma melhoria nas suas qualificações a nível geral. Noémia Oliveira tem um negócio próprio e, em conversa com muitos dos seus clientes, percebe que sentem «pena por não terem tido, em tempos, oportunidade de prosseguir mais estudos», o que acaba também por mexer com a sua autoestima, considera a formadora, apelando para que recorram a este tipo de processos que «dão mais segurança, mais liberdade para falar e consequentemente aumentam a valorização pessoal», realça.
Também Anabela Ribeiro, de Porto de Mós, sentiu vontade de ter mais estudos, já que não o conseguiu fazer «quando era mais nova». A oportunidade de realizar o processo surgiu quando estava no desemprego e considera que foi «uma mais-valia». «Fiquei mais apta a trabalhar com computadores» e «acabei por aprender um bocadinho mais sobre diversas áreas», revela, acrescentando que nas sessões havia espaço para «debater, refletir e fazer exercícios» para assimilar as aprendizagens adquiridas. Anabela Ribeiro diz ter só «coisas positivas» a dizer «em relação aos formadores e ao Centro Qualifica da Batalha». «Foram todos cinco estrelas e motivaram-me do início ao fim do processo», conclui.