Chef cria Rota Gastronómica do concelho

19 Fevereiro 2024

Jéssica Moás de Sá

O portomosense Leonardo Sousa (mais concretamente arrimalense) já conta com alguma experiência como chef (foi inclusive um dos convidados na última edição da Cozinha de Demonstração nas Festas de São Pedro), mas não é isso que o faz parar. A realizar neste momento um estágio curricular no Município de Porto de Mós, no âmbito do Mestrado em Alimentação: Fontes, Cultura e Sociedade (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), propõe-se agora a criar uma Rota Gastronómica do concelho que servirá de trabalho final de curso.

Estagiar na Câmara sempre foi a sua intenção, por sentir que há a «necessidade de fazer alguma coisa pelo património gastronómico do concelho»: «E tendo esta mais-valia do meu percurso académico e profissional andar sempre em torno das áreas da cozinha/pastelaria, da gastronomia e da alimentação, no meu entender, para além do trabalho realizado por outras pessoas, posso ser um dos intervenientes a fazer algo que dignifique o nosso património gastronómico», frisa.

A ideia é identificar produtos «com valor gastronómico e que sejam, sobretudo, endógenos». «A rota implica que faça um relacionamento com o vasto património existente. Não se restringe única e exclusivamente à gastronomia. É uma experiência multidimensional pelo território. O que se pretende com esta rede de rotas gastronómicas é colmatar uma lacuna existente ao nível da oferta turística no nosso concelho e potenciar o turismo gastronómico através desta possibilidade de explorar o território, aliando a gastronomia, o saber-fazer das nossas gentes e os vários aspetos culturais que marcam as nossas paisagens e território», acrescenta o chef.

Leonardo Sousa admite que apesar de não considerar Porto de Mós «pobre» em termos gastronómicos, também não «é dos mais ricos». «Está posicionado num meio termo. Contudo, não há um elemento que se possa dizer que faça parte da nossa identidade gastronómica. Temos maravilhosos produtos com elevado valor e a mesa portomosense tem excelentes iguarias para saborear, tanto salgadas como doces. Temos o cabrito e o borrego ou a morcela de arroz que podem ser considerados produtos identitários da nossa gastronomia, mas não há um que se possa afirmar que é exclusivamente nosso e que tem uma tradição associada em torno dele, ou uma iguaria tipicamente portomosense», reflete.

Por isto mesmo, o jovem acredita que há por onde «explorar», uma vez que o concelho ainda «é pouco valorizado» neste campo. Ainda assim, lembra os vários festivais que já se fazem neste setor, como o Festival Gastronómico do Cabrito e do Borrego, «que junta dois produtos regionais que são criados nas pastagens do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros», o Festival do Galo, «que já se tornou um ex-líbris e uma marca de Serro Ventoso», o Festival da Chanfana, em São Bento, «mais um com a utilização de um produto de origem caprina».

Leonardo Sousa lembrou ainda o Festival Gastronómico do Bacalhau, Azeite e «outro ingrediente que é adicionado ano após ano». Já na «doçaria», destaque para o Festival do Folar e do Licor e o da Amêndoa Artesanal. O chef não esqueceu as Tasquinhas das Festas de São Pedro «que são o ponto alto da coesão territorial e social, e que são uma boa montra de sabores portomosenses». «Começam a aparecer eventos gastronómicos com este interesse de promover aquilo que por cá se produz e faz de bem, porém, há ainda muito a fazer pela gastronomia do nosso concelho», reforça.

Numa fase embrionária deste trabalho, Leonardo Sousa está a dedicar-se a fazer «um enquadramento teórico com a identificação e contextualização do tema, os objetivos e a estrutura do trabalho e por fim a metodologia utilizada». Segue-se depois «a revisão da literatura com a definição do conceito de rota, o planeamento e a conceção de uma rota». Depois do «enquadramento territorial do concelho», faz-se «a elaboração da proposta de criação de uma rede de rotas gastronómicas no concelho de Porto de Mós».

 

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas:
Portugal 19€, Europa 31€e Resto do Mundo 39€

Primeira Página
Capa da edição mais recente d’O Portomosense. Clique na imagem para ampliar ou aqui para efetuar assinatura