Cláudia Franco, que volta ao palco do Teatro Miguel Franco esta sexta-feira, dia 26, às 21h30, destaca-se no panorama do jazz em Portugal. Pertencendo à nova geração de músicos portugueses, desenvolveu um estilo próprio que assenta num registo suave e sedutor, transmitindo a sua essência através de interpretações em que a entrega se une ao talento. Talento esse que contou com um primeiro registo discográfico em 2015, o “Soul Dance”.
Três anos depois, que balanço fazes?
Faço um balanço muito positivo para um disco de estreia. Foi realmente muito bom todos os apoios, todos os concertos, principalmente num estilo como o Jazz e para aquilo que gravamos que foram clássicos. Aconteceram muitas coisas boas e abriram-se muitas portas. Acho que foi o primeiro passo que queria dar. Fazia muito sentido que o primeiro passo fosse dar o meu contributo ao Jazz e ao estilo que estudei e que eu gosto muito e a cantar essas canções maravilhosas. Depois de fazer o disco e dos primeiros concertos, colocou-se a questão; e agora o que é que fazemos a seguir? e eu senti que embora tivesse que fazer isto, o caminho já está feito por muitas pessoas e comecei a compor. Já no “ Soul Dance” tinha dois originais. Apesar de ter gostado muito do que fiz, este tempo todo levou-me a pensar qual seria o próximo passo.
Trabalhaste também com outro portomosense que se destaca nesta vertente musical. como foi trabalhar com César Cardoso?
Conheço o César desde que éramos miúdos. Nós fomos da mesma turma na Escola Secundária de Porto de Mós, portanto já lá vão muitos anos. Não foi uma novidade trabalhar com ele. O César é uma referência nacional no Jazz e na educação do Jazz e em todo o trabalho que tem desenvolvido com as orquestras que é notório. Ele é mesmo uma força. Eu admiro imenso a sua capacidade de trabalho. Para além disso, ainda é um saxofonista e um compositor incrível. ?Trabalhar com ele não me surpreendeu, pois já o conhecia. Já não me lembro se fui eu ou o Rui Caetano, o meu pianista, mas ligámos para ele e pedimos para ele gravar dois temas para o álbum. Dei-lhe a partitura e dissemos para improvisar aqui e ali, e o César de repente chega ali e “parte a loiça toda”. Foi mesmo muito bom assistir a isso e principalmente com alguém com quem crescemos.?
Estás a preparar o próximo álbum. Que novidades vai trazer?
Este trabalho foi muito pensado. Eu confesso que pensei muito no que deveria de fazer a seguir. Pensei em fazer outro disco de clássicos, continuar a compor e misturar as duas coisas como fiz no primeiro, ou em que língua iria escrever. Em 2016 e em 2017, andei a escrever música em inglês e em português, ia odiando e gostando, mas mais odiando por ser aquela fase de experimentação. O primeiro passo foi decidir que ia escrever as minhas canções e comecei a escrever. Eu sempre ouvi muito que também deveria de escrever em português, então, decidi experimentar. Há um ano no JuncalJazz testei algumas dessas canções e começámos a sentir falta de um guitarrista, porque esta música nova estava a tomar outra direção. Embora tenha Jazz, mais moderno e com as suas influências, mas tem outros estilos, como rock, pop, soul, e daí a necessidade de termos um guitarrista. Fui à procura e convidei o João Roque com quem tinha estudado.
O novo álbum já tem nome e data de lançamento?
Quando decidi avançar com este projeto e avançar com as músicas novas, decidi ser mãe e de repente os planos de gravar ficaram atrasados, devido também ao facto de nos primeiros meses não conseguir sair de casa por estar sempre mal disposta. Agora ando aqui a pensar como irei fazer, mas penso que vou ter de adiar o lançamento físico do disco e uma apresentação ao vivo, oficial e com uma mini tourné.?
Depois dos concertos nas grutas, segue-se o regresso ao Teatro Miguel Franco, em Leiria. Como vai ser este concerto?
Não vai ser muito diferente daquilo que fizemos nas grutas. Vamos fazer um concerto um bocadinho mais longo. Vamos acrescentar mais dois originais e talvez trazer um ou dois temas dos originais do primeiro disco.