Com o Natal à porta
Mais uma quinzena passada, mais uma edição que chega às suas mãos. Mas esta não é uma edição “qualquer”. Trata-se da primeira de duas que dedicamos ao Natal embora sem esquecer todos os outros temas que pensamos interessarem aos nossos leitores.
Natal é época também de festa grande por Mira de Aire e é a essa festa ou festas que dedicamos também um pequeno “especial”. Quem nunca passou por lá pode aproveitar para dar uma espreitadela este ano, vai ver que vai valer a pena. As coisas serão, decerto, diferentes daquilo que eram antes da pandemia mas se essa tal que tudo veio baralhar não voltar a trocar às voltas à organização, teremos uma amostra bem aproximada do que são estes festejos para os, já de si bairristas, mirenses, e aquilo que é uma festa bem animada em pleno Natal.
Numa edição em que lhe falamos de vários projetos solidários permitam-me que destaque um pelas suas características únicas. À semelhança de outras instituições, a Cercilei de Porto de Mós está a promover uma campanha de solidariedade com recolha de bens para os mais desfavorecidos. Até aí nada de especial. A novidade vem com o facto de tudo ter sido pensado, delineado e executado por meia dúzia de jovens do seu Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) apoiados pelo técnico que com eles integra o Grupo de Autorepresentação do CAO, que é o porta-voz dos cerca de 30 elementos que integram esse mesmo CAO.
Com esta ação a Cercilei vai estar, não só a ajudar quem mais precisa mas também a capacitar os seus utentes, pessoas muitas vezes vistas, erradamente, como tendo limitações cognitivas de tal forma profundas que as impedem de ter uma vida autónoma e independente.
Numa pequena conversa que vale mesmo a pena ler, o psicólogo Ricardo Vinagre desconstrói esse e outros mitos e mostra-nos que integração, inclusão, vida independente, e outros termos bonitos associados à problemática da deficiência, inúmeras vezes não passam disso mesmo: Palavras bonitas mas que tardam em ter aplicação efetiva. Enquanto isso, estes jovens que, como nós têm cartão de cidadão, número de contribuinte e segurança social, continuam, ao contrário de nós, com muitos dos seus direitos adiados ou mesmo desrespeitados.