“Ninguém precisa ser um arquétipo da perfeição, mas para viver em sociedade tem que haver mínimos olímpicos”
Ao longo das últimas edições d’O Portomosense temos vindo a dar particular destaque a múltiplas situações relacionadas a acumulação de lixo e de objetos de grande porte (vulgo monos) em locais que não são, de todo, próprios para o efeito, sendo que até aqueles que em teoria o seriam rapidamente começam a deixar de dar uma resposta suficientemente adequada às toneladas de itens cujos donos teimam em descartar da forma errada.
Seja em frente a caixotes do lixo, pontos de reciclagem ou até mesmo pinhais, ribeiros e riachos, certamente que conhece pelo menos um destes “depósitos” de entulho a céu aberto onde alguns fregueses passam, param, despejam o que têm a despejar e arrancam com a pressa de quem em breve volta para mais uma habitual rodada.
Ninguém precisa ser um arquétipo da perfeição, mas estamos em pleno século XXI e para viver em sociedade tem que haver mínimos olímpicos. Ora, eu não quero viver num concelho sujo. Não quero ter que despejar o meu lixo ao lado de um caixote lotado quando a solução mais “natural”, creio, é dirigir-me a outro; não quero ver monos abandonados no meio dos pinhais quando vou dar umas corridas ou esbarrar com a vista em descargas de sabe-se lá o quê junto aos nossos rios e às nossas lagoas. O problema é antigo, bem sei. E também é transversal. Está até longe de ser um hábito só nestes lados. Mas pergunto-me recorrentemente: «E solução para isto?». Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais trabalham, ou devem trabalhar, em conjunto para resolver estes problemas. E aqui isso também acontece, como já se escreveu neste jornal. Mas tudo o que constatamos é que as medidas tomadas não passam de um penso rápido para tentar estancar uma ferida que sangra com abundância. Agora, uma coisa é certa. Enquanto a falta de civismo e de noção perdurarem, não há penso que resista. Que mais se pode fazer? Resposta difícil para quem tem o problema nas mãos, quanto mais para nós, comuns fregueses. Talvez a coisa mude se se apostar na sensibilização e na educação direcionada para um futuro mais “verde”…
Sou de uma geração que cresceu com os “Três R’s”. “Reduzir, reciclar e reutilizar”, era o que se cantava nas escolas enquanto se aprendiam os conceitos básicos da separação por cores. Hoje em dia, nota-se que as gerações que vieram ao mundo um pouco antes e logo depois da minha estão atentas, mas ainda há quem tenha ficado parado no tempo. A solução, reforço, não sei qual é. Mas a aposta na educação resultou com a minha geração e com as que se seguiram. Talvez seja preciso “carregar” um pouco mais na sensibilização daqueles que já cá estavam e que ainda vão bem a tempo de tornar este mundo melhor.
Haja civismo. Aja-se com civismo.