Como se combate a falta de civismo?

20 Julho 2023

Luís Vieira Cruz

“Ninguém precisa ser um arquétipo da perfeição, mas para viver em sociedade tem que haver mínimos olímpicos”

Ao longo das últimas edições d’O Portomosense temos vindo a dar particular destaque a múltiplas situações relacionadas a acumulação de lixo e de objetos de grande porte (vulgo monos) em locais que não são, de todo, próprios para o efeito, sendo que até aqueles que em teoria o seriam rapidamente começam a deixar de dar uma resposta suficientemente adequada às toneladas de itens cujos donos teimam em descartar da forma errada.

Seja em frente a caixotes do lixo, pontos de reciclagem ou até mesmo pinhais, ribeiros e riachos, certamente que conhece pelo menos um destes “depósitos” de entulho a céu aberto onde alguns fregueses passam, param, despejam o que têm a despejar e arrancam com a pressa de quem em breve volta para mais uma habitual rodada.

Ninguém precisa ser um arquétipo da perfeição, mas estamos em pleno século XXI e para viver em sociedade tem que haver mínimos olímpicos. Ora, eu não quero viver num concelho sujo. Não quero ter que despejar o meu lixo ao lado de um caixote lotado quando a solução mais “natural”, creio, é dirigir-me a outro; não quero ver monos abandonados no meio dos pinhais quando vou dar umas corridas ou esbarrar com a vista em descargas de sabe-se lá o quê junto aos nossos rios e às nossas lagoas. O problema é antigo, bem sei. E também é transversal. Está até longe de ser um hábito só nestes lados. Mas pergunto-me recorrentemente: «E solução para isto?». Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais trabalham, ou devem trabalhar, em conjunto para resolver estes problemas. E aqui isso também acontece, como já se escreveu neste jornal. Mas tudo o que constatamos é que as medidas tomadas não passam de um penso rápido para tentar estancar uma ferida que sangra com abundância. Agora, uma coisa é certa. Enquanto a falta de civismo e de noção perdurarem, não há penso que resista. Que mais se pode fazer? Resposta difícil para quem tem o problema nas mãos, quanto mais para nós, comuns fregueses. Talvez a coisa mude se se apostar na sensibilização e na educação direcionada para um futuro mais “verde”…

Sou de uma geração que cresceu com os “Três R’s”. “Reduzir, reciclar e reutilizar”, era o que se cantava nas escolas enquanto se aprendiam os conceitos básicos da separação por cores. Hoje em dia, nota-se que as gerações que vieram ao mundo um pouco antes e logo depois da minha estão atentas, mas ainda há quem tenha ficado parado no tempo. A solução, reforço, não sei qual é. Mas a aposta na educação resultou com a minha geração e com as que se seguiram. Talvez seja preciso “carregar” um pouco mais na sensibilização daqueles que já cá estavam e que ainda vão bem a tempo de tornar este mundo melhor.

Haja civismo. Aja-se com civismo.

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