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Concurso Melhor Mecatrónico 2018: Esteve quase para não ir… e trouxe o 5º lugar!

8 Janeiro 2019
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

8 Jan, 2019

Eduardo Lima, natural da Ribeira de Cima, tem 36 anos e uma grande paixão pelo universo automóvel que acredita estar relacionado com “uma questão de ADN”. Nascido no seio de um negócio familiar nesta área, Eduardo, cresceu rodeado por carros e a formação em engenharia eletrotécnica foi, por isso, uma escolha natural para o percurso profissional que queria seguir.

A juntar à sua paixão, o mecânico, alia ainda um “gosto pelo desafio”. E foi à procura de superação, que Eduardo se inscreveu no Concurso Melhor Mecatrónico 2018. Do concurso trouxe um quinto lugar, mas também alguma deceção – “eu esperava mais”, reconhecendo o nervosismo que o acompanhou na prova final e que o “traiu” na segunda etapa. Feliz com o quinto lugar ficou o pai de Eduardo, Vítor Lima, que confessou que esta foi “uma vitória maior” para ele “do que para o próprio filho”.

Este concurso aconteceu pelo terceiro ano consecutivo. Em março foram cerca de 380 os inscritos, “submetidos a cinco testes teóricos com 10 questões. Dos cinco testes foram apurados oito finalistas” entre os quais Eduardo Lima. A prova final, que aconteceu a 17 de novembro, foi composta por quatro etapas com diferentes problemas elétricos em motores que os participantes tinham que resolver em duas horas. O jovem portomosense lembra a intensidade das provas “visionadas ao milímetro pelo júri e pelo público a assistir”. Eduardo confessa mesmo que não sabe “se voltaria a partipar porque a pressão é muito grande” e revela ainda que esteve para não participar porque não é dado “a mediatismo”.

A mecatrónica é, para Eduardo Lima, aquilo que o define enquanto profissional porque é a “junção da mecânica com a eletrónica, aquilo que mais gosta de fazer”. E hoje, esta profissão é uma profissão desafiante também pela mudanças que sofre a cada dia. Eduardo lembra a necessidade de estar atento a toda esta evolução, principalmente informática, que a profissão atravessa e que obriga a que se “acompanhe com muita formação” as dinâmicas novas da profissão. É precisamente isso que o engenheiro eletrotécnico tenta incutir, com o seu pai, no negócio familiar, que tem quase 45 anos.

“Quase 50 anos e já ir na terceira geração é alguma coisa”

A José Júlio Pereira Lima Herdeiros, sediada na Ribeira de Cima, é um negócio de três gerações. Em agosto deste ano completam-se 43 anos desde que José Júlio Lima decidiu iniciar este negócio. José Júlio acabou por falecer em 1985, com apenas 52 anos, mas o seu filho, Vítor Lima, continuou o projeto que o pai havia começado. E depois, anos mais tarde, foi a vez do neto, Eduardo, se juntar à empresa. Este é, desde logo, um motivo de orgulho para Vítor Lima, no comando da empresa há quase 34 anos, por se ter conseguido manter o negócio “ao longo deste tempo e com diferentes gerações”.

No sucesso da empresa há, para Vítor Lima grandes responsáveis: os clientes. Apesar de considerar a fidelização dos clientes um assunto delicado porque “por pequenas coisas se ganha um cliente e por pequenas coisas se perde um cliente”, sabe que tem clientes fidelizados há vários anos e que percorrem também gerações: “Ainda agora veio aqui um rapaz buscar um carro do pai, que é meu cliente há 30 anos e tenho muitos exemplos destes”.

Hoje trabalham na empresa seis funcionários, número que diminuiu ao longo dos anos devido à conjetura económica, mas não só. O mecânico fala num “desinteresse e abandono pela profissão” que acredita estar relacionado com a complexidade que a profissão está a ganhar e com a qual os jovens não querem lidar. O gerente fala ainda numa profissão nova, a de mecatrónico, que, por juntar duas especialidades (mecânica e eletrónica), obriga a que, quem quiser entrar nesta profissão “se tenha que aplicar a sério nos estudos”.

Vítor Lima reconhece alguns momentos dificeis neste percurso, mas teve sempre a audácia para “teimar em marés revoltas”. E como líder acredita que “os bons técnicos se conhecem quando aceitam o erro e quando não ficam vaidosos com a vitória”. Ser patrão tem sido um dos grandes desafios porque “antes de mandar fazer, um líder tem que saber como se faz, tem que lidar com maus feitios, com os problemas dos outros, até os particulares e às vezes é preciso confrontar as pessoas e noutras ser tolorante”, sublinha.

O responsável deixa ainda a garantia de que, ao longo dos anos, tem feito parte do lema da empresa “o investimento tecnológio, com uma casa bem equipada”. Este investimento pressupõe uma continuação deste negócio por vários anos, que Vítor Lima pretende que aconteça, pelo menos, enquanto “for vivo”. Eduardo, o filho, tem esperança nesta continuidade ao assumir que o seu filho mais novo é já um apaixonado por carros. Independentemente do futuro da empresa, Vítor Lima acredita que, o caminho feito até agora seria um “motivo de orgulho” para o seu pai se estivesse vivo, e isso deixa-o verdadeiramente satisfeito.

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