Na Alameda Dom Afonso Henriques, em pleno coração da vila sede do nosso concelho, ergueu-se há pouco mais de um ano, no cimo de um dos prédios, um letreiro pardo-alaranjado com a inscrição “1800 Fit”, mas já parou para se perguntar o que é que isto significa?
Foi precisamente a 15 de setembro de 2022 que Xavier Martins, de 31 anos e natural de São Sebastião da Pedreira, Lisboa, decidiu trocar o conforto do seu negócio na capital para arriscar tudo o que tinha construído e mudar-se de armas e bagagens para Porto de Mós. Uma das razões? Amor. Dono de um estúdio de personal training que fundara há cinco anos em Lisboa, o 1800 Fit (o número é uma referência ao seu antigo código postal), Xavier sentiu a dada altura que o seu projeto já tinha chegado a um ponto que o obrigava a dar o passo seguinte, expandir-se. Naquele espaço, criara condições para acompanhar os seus clientes nas vertentes de recuperação física e preparação para desempenhos de alto rendimento, mas ao nosso jornal admite que um novo investimento em Lisboa significaria ter que passar por lá boa parte da sua vida, um fator que, aliado à distância da sua namorada (portomosense) e à possibilidade de uma forte concorrência dos demais estabelecimentos da capital, o “empurrou” para a decisão de procurar oportunidades um pouco mais longe de casa. Depois de um ponderado estudo de mercado, concluiu que não havia no concelho nenhuma outra box de crosstraining que operasse na vertente que queria implementar – aulas de grupo combinadas com treino acompanhado -, e optou por fundar a 1800 Fit Porto de Mós.
Uma modalidade para todos
Nesta box não há duas aulas exatamente iguais e Xavier prepara-se antecipadamente para todos os tipos de cenários: «Numa aula tanto posso ter um aluno como 10. Se há só um, adoto um plano de PT (personal trainer). Quando há dois, adoto um protocolo de duo-PT e assim sucessivamente, mas estabeleci um limite de 10 alunos em simultâneo para poder dar o melhor acompanhamento possível a todos eles e poder adaptar os exercícios em função das necessidades de cada um», assume. O planeamento é feito de modo a que os exercícios sejam mutáveis consoante as necessidades: «Se alguém tem um problema num joelho, problemas cardiorrespiratórios ou se uma aluna está grávida, há um plano base que pode ser moldado consoante aquilo que é preciso. Há quem diga que o limite de alunos aqui é curto, mas acredito que me permite comunicar constantemente com todos durante as aulas e dar outro acompanhamento», frisou.
Neste momento, a box 1800 Fit Porto de Mós conta com uma média de 70 alunos. O mais jovem tem 12. O mais velho, 78. «O crosstraining é uma modalidade para todos. Esta era já a visão que eu tinha e que sempre quis trazer de Lisboa. Aqui, queremos um espaço em que todos possam treinar e trazer os familiares. Queremos que os alunos saibam que podem confiar que se trouxerem as mães ou os filhos, eles poderão treinar com qualidade.
É um espaço que dá oportunidade para toda a família treinar junta, com toda a integridade e segurança», garante.
Competição e iniciação lado a lado
Para além da preocupação em incluir “toda a família”, a filosofia que Xavier Martins implementa nos seus treinos visa também permitir que atletas com maior ou menor experiência fiquem “lado a lado”: «Este ano iniciámo-nos na competição – característica que considera bastante vincada nesta modalidade -, mas tentamos relacionar sempre todas as aulas. Aqui na box o trabalho é feito “na base”, mas isso não quer dizer que não haja transferência para treinos mais técnicos. O que distingue quem compete de quem é iniciante é, geralmente, o tempo de trabalho durante o exercício, ou seja, todos fazem o mesmo, mas com tempos e intensidades adaptadas ao seu nível. Assim as aulas fluem naturalmente», refere.
Crosstraining não é CrossFit
Ao contrário do que se possa pensar, crosstraining não é CrossFit e Xavier Martins explica as diferenças: «Em primeiro lugar, CrossFit é uma marca registada e já não é uma coisa nova, mas está associada a movimentos funcionais realizados a alta intensidade e a sua popularidade tem dado também destaque ao crosstraining que, por sua vez, pode ser considerado como uma preparação para aquilo que é esse mesmo treino de alta intensidade, mas que está assente numa maior liberdade de movimentos funcionais e fundamentais do ser humano, como é o caso de correr, saltar, trepar, empurrar, entre outros. Normalmente os atletas de CrossFit fazem crosstraining para se prepararem para essa mesma alta intensidade», justifica.
«Uma aposta ganha»
Se o início de um negócio está, por norma, repleto de receios e incertezas, Xavier não hesita em fazer uma retrospetiva altamente positiva deste seu primeiro ano no concelho. A adesão dos portomosenses nestes primeiros tempos de vida da 1800 Fit Porto de Mós, considera, «é extremamente positiva. Não estava à espera de tanta adesão e que as pessoas vissem a importância da modalidade, mas sinto que a estrutura feita na box tem mostrado que este espaço é uma mais-valia e oferece uma longevidade que outros lugares podem não dar. Em Lisboa já tinha reconhecimento e vir para aqui sem ninguém me conhecer e conseguir implementar uma ideia e uma visão com o meu próprio trabalho, e ter esta evolução que tive até agora e a forma como vejo o fitness, é sem dúvida uma aposta ganha», conclui.
Foto| Luís Vieira Cruz