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Dança, ginástica e design gráfico, tudo numa só pessoa

30 Janeiro 2020
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

30 Jan, 2020

Foto: Jéssica Moás de Sá

Tem 23 anos, mas desde os 4 que Adriana Lourenço está ligada ao desporto e às artes. O talento corre-lhe nas veias e por isso, mesmo quando ainda estava a descobrir o mundo, já o mundo lhe permitia dar os primeiros passos na dança. A irmã, «mais velha três anos já dançava balé devido a problemas de costas» e foi por influência dela que também começou a praticar. Tão nova, não encarava a dança como um futuro profissional: «Com 4 anos uma menina vai para o balé aprender a mexer o corpo, a esticar os pés, as pernas. Quando as meninas iniciam a dança, é para começarem a saber ouvir a música», explica.

A jovem, natural de Porto de Mós, acredita que o balé é a «base de tudo», a nível de flexibilidade, postura, pontos que são «meio caminho andado» para dançar outros estilos. «Nota-se perfeitamente se uma bailarina tem bases de balé ou não», acrescenta Adriana Lourenço. O gosto pela dança foi «evoluindo» na atual professora de Acrodance, tendo conseguido destacar-se em várias competições. Quando realizou um exame para a Royal Academy of Dance, o suprassumo das academias de dança, obteve a melhor nota desse ano. Foi apenas neste momento, com 9 anos, que começou a pensar que a dança «poderia fazer parte da sua vida».

Investir numa carreira de balé, garante Adriana, não é fácil nem é para todos. «O balé exige muito esforço, monetário por exemplo, não temos apoios em nada. Pagamos nós os fatos e inscrições de concursos», diz. Para se estar numa aula, tem que se ter «um maillot, umas colãs, umas sabrinas, cabelo sempre arranjado e isto ronda sempre os 40 ou 50 euros». Para os espetáculos usam-se os «tutus de balé» que são «muito caros, podem custar mais de 100 euros». A condição física, as vastas horas de treino, a alimentação regrada são também uma realidade para quem quer atingir bons níveis de performance.

A dança fez parte da vida da jovem portomosense até aos 15 anos, depois, uma mudança de escola, fez com que tivesse que parar, durante três anos. A vida trouxe-lhe um novo amor: a ginástica. Adriana Lourenço admite mesmo ser o que «mais gosta de fazer na vida».

“Sinto-me realizada”

É entre trampolins e saltos acrobáticos, desafiando a gravidade, que, atualmente, Adriana Lourenço, se sente realizada. Tudo começou no Instituto Educativo do Juncal (IEJ), escola para a qual foi por influência de um professor, Sérgio Maurício, que estava a formar uma equipa praticamente de raiz. «Na altura os atletas mais fortes tinham saído. O professor teve que começar o trabalho outra vez desde o início até atingir o máximo», conta. A política era começar a ensinar as bases de ginástica logo a partir do 5.º ano, mas para a jovem, a ginástica só apareceu aos 15 anos. Isso não foi um entrave para que se viesse a destacar.

Nessa altura, abdicar da dança, causou alguma «mágoa». Mas conciliar as aulas, a ginástica e a dança, tornou-se «impossível» e logo Adriana percebeu que tinha encontrado na ginástica, uma paixão maior. Reflexo disso, foi a forma como se entregou a esta modalidade: «Todos os dias treinávamos nas horas de almoço, e tínhamos que almoçar em 10 minutos. Saíamos das aulas e íamos logo treinar».

Desde cedo que o professor lhe foi dizendo que «conseguia aprender rápido». As bases de balé ajudaram, em questões de «flexibilidade e postura». Esta capacidade de aprendizagem deu frutos e mesmo depois de ter terminado o secundário e de já estar a frequentar um curso no Ensino Superior, Adriana foi convidada para ser treinadora no IEJ, de uma «turma de pequeninas». Inicialmente estava reticente, sem saber se conseguiria conjugar tudo: «Estava na faculdade, na altura nem tinha carro, mas depois de falar com os meus pais, que me apoiaram a 100%, aceitei». Hoje, Adriana não podia estar mais feliz porque adora «ensinar ginástica». Tirou o curso de treinadora grau I há dois anos, em Viseu.

A par disto, a jovem é também professora de Acrodance, uma modalidade que lhe permite juntar as duas paixões: a dança e a ginástica, juntando «vários estilos de dança a movimentos de ginástica». Esta oportunidade surgiu de um convite por parte de um ginásio, onde agora já tem duas turmas de benjamins. Como professora, garante que a «ginástica não é uma modalidade para todos», muito exigente a «nível físico» e onde todos os pormenores importam.

A treinadora confidencia que tem aprendido muito a ensinar as crianças, primeiro porque, admite entre risos, passou a ter «mais paciência». Depois, confessa que a alegria das crianças é contagiante. Mesmo nos dias em que está «triste» tudo muda ao lado dos alunos. Entre os ensinamentos base que tenta transmitir está o «bom ambiente», porque, acredita, «se não houver bom ambiente de grupo, não é possível fazer bem ginástica». Adriana assegura ainda que a ginástica foi para si e é para qualquer atleta uma forma de «aprender a controlar os nervos», transversal a outros parâmetros da vida. O atleta está preparado para estar «em palco e ser avaliado», lutando «contra fatores que estão à sua volta».

Design gráfico era “plano A”

Adriana Lourenço é também formada em Design Gráfico. O jeito para as artes sempre a acompanhou desde pequena e por isso, quando tirou o curso, na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, era o seu «plano A» a nível profissional. Por não conseguir conciliar com as aulas de ginástica, acabou por se tornar designer a tempo parcial, como freelancer, no tempo que lhe sobra de todos os treinos e aulas. Há um ano criou uma «identidade própria de ilustrações» que tem tido «um feedback muito positivo».
O sonho, a longo prazo, seria abrir uma «lojinha física» onde pudesse vender todos os seus trabalhos. Abrir um espaço seu é também um sonho na área da ginástica e da dança: «Gostava de abrir a minha própria academia com a minha irmã», admite. Talentos, sonhos e criatividade não faltam a esta jovem, que com poucos anos de carreira consegue “abarcar” no seu dia-a-dia um pouco de tudo o que a realiza.

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