Dar Voz à Idade: uma exposição onde fotos contam histórias

28 Março 2024

Juliana Santos

Os retratos que albergam o testemunho físico da passagem do tempo alegram a Praça Arménio Marques até ao final deste mês. A exposição estava patente desde 2022 no Alqueidão da Serra, uma iniciativa da associação local Alecrim e Salva, em parceria com a fotógrafa Ana Rodrigues. Foram fotografados 67 residentes desta freguesia com 85 anos ou mais, no ano de 2021, que, agora eternizados, espelham a história do que é ser-se humano e da transmutável marca deixada por quem carregou a vida.

“A sociedade tende a valorizar mais o que é jovem, não se dá a devida atenção e cuidado a tudo o que os mais velhos fizeram para que hoje os mais novos também possam desfrutar de muita coisa”, afirma Adelaide Cordovil, membro da associação alqueidoense. Segundo a responsável, houve uma necessidade de fazer crescer uma exposição que demonstrasse a experiência dos mais velhos, a «riqueza de uma vida» com os seus «bons e maus momentos». «Havia muitas pessoas que quase todos os dias davam a volta à exposição e traziam outras pessoas. Gostavam de se reconhecer, de se ver nas paredes e acho que isso foi muito positivo para eles. Acho que sentiram esse reconhecimento», frisa.

O processo artístico do projeto Dar Voz à Idade, que arrancou ainda em tempos de pandemia, despoletou também um reencontro entre as gerações mais velhas da freguesia, dado que muitas pessoas se reuniram no mesmo local para terem as suas fotografias registadas. «Ninguém se queria ir embora, ficavam à espera uns dos outros. Foi uma experiência muito rica para nós também e eu acho que isso também se nota nas fotografias», relata Adelaide Cordovil. Já as pessoas com mobilidade reduzida foram visitadas em casa e nas instituições em que se encontravam para integrarem a exibição. «Mesmo pessoas que já estavam com algumas limitações, por exemplo, de se deslocarem, disseram-nos que não havia problema. Todos ficaram muito entusiasmados, fomos muito bem acolhidas com a ideia», refere.

Anteriormente distribuída pelas casas do Alqueidão da Serra, a exposição encontra-se atualmente, na sua íntegra, em Porto de Mós e tem sido recebida de forma positiva por aqueles que aqui passam. «Para nós é um bocadinho diferente estar aqui concentrada do que estar espalhada nas casas, no Alqueidão, mas este espaço é bom, está num sítio em que passa muita gente, as pessoas têm aderido», acrescenta.

Em abril, a exposição passará novamente para a freguesia de origem e no futuro será atualizada com os registos fotográficos das pessoas que já sopraram as 85 velas. «Diziam-nos muitas vezes “para o ano já faço 85”, portanto nós também temos que responder a estas pessoas, elas consideraram que era importante participar», conclui Adelaide Cordovil.

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas:
Portugal 19€, Europa 31€e Resto do Mundo 39€

Primeira Página
Capa da edição mais recente d’O Portomosense. Clique na imagem para ampliar ou aqui para efetuar assinatura